O vereador Carlos Bolsonaro, o filho 02 de Bolsonaro, foi apontado como chefe de uma organização criminosa no esquema de “rachadinhas” pelo juiz Marcello Rubioli, da Primeira Vara Criminal Especializada do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ).
Segundo o juiz, que autorizou a quebra de sigilos bancários e fiscal do vereador na investigação do esquema de “rachadinhas” e funcionários fantasmas no gabinete do parlamentar, entre 2001 e 2019, há “indícios rotundos de atividade criminosa em regime organizado”.
“Os elementos de informação coligidos aos autos – mais notadamente quando se atenta ao vasto acervo de documentos que acompanham o expediente investigatório – apontam para a existência de fortes indícios da prática de crime de lavagem de capitais”, afirmou o juiz em sua decisão.
O juiz escreveu ainda que “Carlos Nantes é citado diretamente como o chefe da organização, até porque o mesmo efetua as nomeações de cargos e funções comissionadas do gabinete”.
Conforme atesta a investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), “para operacionalizar o desvio, é necessária a convergência da atuação do vereador, que se encarrega da indicação dos assessores ‘fantasmas’ (e figura como beneficiário final do peculato), dos chefes de gabinete que atestam falsamente o desempenho da atividade profissional dos assessores, e finalmente dos ocupantes de cargos comissionados, que concordam em ser nomeados formalmente na Câmara Municipal, sob compromisso de repassar mensalmente parte da remuneração do cargo aos demais integrantes da organização criminosa, contribuindo para o desvio da verba orçamentária”.
O MPRJ, afirma ainda que a investigação revelou que a organização criminosa teria seis núcleos, sendo o primeiro e maior o de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-esposa de Bolsonaro e ex-chefe de gabinete de Carlos.
“A investigação também mostra indícios de subfaturamento de compra de imóvel em 2009”, referente a um apartamento em Copacabana, declarado em cartório por Carlos que foi comprado por R$ 70 mil, valor 237% menor do que o valor venal do imóvel. Segundo o MP, a transação sugere pagamentos realizados “por fora”, em dinheiro vivo.
Na decisão, o juiz negou o pedido de quebra de sigilo de Fabrício Queiroz, que é investigado no esquema de “rachadinha” no gabinete do outro filho do presidente, Flávio Bolsonaro.
Segundo o juiz, “não possui justificativa para afastamento de sigilos nos autos. Não foi citado em qualquer RIF (relatório de inteligência financeira) ou compôs o gabinete”.