
O jurista Dalmo de Abreu Dallari faleceu nesta sexta-feira (8) em São Paulo aos 90 anos.
O jurista foi professor emérito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e um dos mais importantes juristas do país.
A família declarou em nota que Dallari deixou esposa, sete filhos, 13 netos e dois bisnetos, além de “várias gerações de alunos e seguidores, aos quais se dedicou em mais de 60 anos de magistério e atuação na promoção dos direitos humanos”.
A causa da morte foi insuficiência respiratória, segundo a família.
O velório deve ser realizado na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no Largo de São Francisco, 95, neste sábado (9), das 10h às 13h. O sepultamento será no túmulo da família, no Cemitério do Araçá, às 14h.
A Faculdade de Direito da USP lamentou a morte do jurista, destacando que “Dalmo era amado por seus amigos de docência e alunos”. “Nos bancos das salas de aula transmitia seu saber com seriedade, de forma que todos, tanto na Graduação quanto na Pós-Graduação, adquirissem o conhecimento com mais facilidade”, destacou a instituição, em nota.
“[Dallari era] um defensor dos Direitos Humanos. Ele dizia, constantemente, que a construção desses direitos deveria iniciar desde cedo. Somente assim as pessoas poderiam ter consciência do que é ser solidário e fraterno”, disse o atual diretor da faculdade, Celso Fernandes Campilongo.
Dalmo teve destacada atuação na resistência à ditadura instalada em 1964 no país. Ele ajudou a organizar a Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo. A organização defendeu perseguidos políticos e seus familiares, e teve papel importante na proteção de oposicionistas da ditadura.
O ministro do Supremo Tribunal federal (STF), Alexandre de Moraes, ex- aluno de Dallari, o homenageou.
“A Democracia e os Direitos Fundamentais perderam hoje um de seus maiores defensores. Com inteligência, coragem e sabedoria, Dalmo Dallari foi um exemplo para gerações de professores e estudantes. Tive a honra de ser seu aluno e orientando na USP. Meus sentimentos à sua família”, escreveu Alexandre de Moraes no Twitter.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lamentou a morte do jurista. Lula disse que “o Brasil perdeu hoje um dos seus maiores juristas e defensores dos direitos humanos. Ao longo de 90 anos de vida e mais de 60 anos de atuação profissional, sua trajetória de luta pela democracia foi uma inspiração. Um grande ser humano e um brasileiro imprescindível”.
“O Brasil perde um de seus principais expoentes e, a USP, uma figura ímpar que ajudou a forjar esta Universidade com sua dedicação na gestão universitária e na formação de gerações de profissionais na área de Direito. Neste momento de consternação, a Reitoria se solidariza com os familiares e a comunidade acadêmica da Faculdade de Direito”, lamenta o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior.
Dalmo era natural de Serra Negra, no interior de São Paulo. Formou-se em direito pela USP em 1957 e, pouco depois, em 1964, passou a integrar o corpo docente da instituição.
Dallari ficou conhecido no meio jurídico como um dos principais especialistas na área do Direito Constitucional brasileiro. Sua carreira teve como foco a defesa dos direitos humanos e a garantia do Estado de Direito. Foi autor de diversos artigos, capítulos de livros e realizou palestras e conferências, no Brasil e no exterior.
Na Faculdade de Direito da USP, tornou-se professor titular em 1974 e, em 1986, foi escolhido para ser diretor, posição que ocupou até 1990.
Entre 1990 e 1992, Dallari atuou na prefeitura de São Paulo como secretário de Negócios Jurídicos sob a gestão de Luiza Erundina.
Já em 2007, tornou-se professor emérito da Faculdade de Direito da USP.
Dalllari foi pai de dois professores da Universidade, Maria Paula Dallari Bucci, da Faculdade de Direito, e Pedro Dallari, do Instituto de Relações Internacionais, frutos de seu primeiro casamento. Atualmente, o professor emérito estava casado com Sueli Dallari, que foi professora da Faculdade de Saúde Pública da USP e também é formada na São Francisco, em 1980.
Nota na íntegra da família:
AVISO DE FALECIMENTO
A família do professor Dalmo de Abreu Dallari comunica seu falecimento, ocorrido na data de hoje em São Paulo, em decorrência de insuficiência respiratória.
O professor Dalmo de Abreu Dallari tinha 90 anos e deixa esposa, 7 filhos, 13 netos e 2 bisnetos, e várias gerações de alunos e seguidores, aos quais se dedicou em mais de 60 anos de magistério e atuação na promoção dos direitos humanos.
O velório será realizado na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no Largo de São Francisco, 95.
São Paulo, 8 de abril de 2022.