Setor recuou em 9 dos 15 locais pesquisados pelo IBGE em outubro
A devastação bolsonarista na economia continua provocando seus efeitos. Na passagem de setembro para outubro, a produção da indústria brasileira recuou em 9 dos 15 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O principal parque industrial do país, São Paulo, teve variação de apenas 0,4% de sua produção no período, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal Regional (PIM Regional) do IBGE, divulgados na última sexta-feira (09).
Na média nacional, a indústria brasileira apresentou uma variação de 0,3% em outubro em relação a setembro – operando a níveis semelhantes aos de janeiro de 2009, quando o mundo estava sofrendo os impactos da recessão econômica do ano anterior.
No décimo mês de 2022, apenas sete dos 26 ramos industriais pesquisados tiveram resultados positivos – o que é insuficiente para recuperar as perdas de 1,3% acumuladas em agosto (-0,6%) e setembro (-0,7%) deste ano.
No recorte por localidades, as perdas mais intensas na produção foram registradas no Ceará (-13,7%) e em Mato Grosso (-11,5%). As demais quedas se deram em Paraná (-9,1%), Amazonas (-8,2%), Região Nordeste (-5,7%), Espírito Santo (-5,3%), Pernambuco (-4,8%), Bahia (-4,6%) e Santa Catarina (-1,8%). Do lado das taxas positivas ficaram São Paulo (0,4%), Pará (5,2%), Goiás (3,0%), Minas Gerais (1,7%), Rio de Janeiro (1,1%) e Rio Grande do Sul (0,5%).
Pesa mais uma vez para indústria a elevação da taxa de juros (Selic) pelo Banco Central (BC), que saiu de 2% em março de 2021 para os atuais 13,25%, empurrando para baixo a demanda por bens industriais, mas também o endividamento das empresas e das famílias. Além disso, os juros altos travam os investimentos produtivos afastando a geração de novos empregos.
De acordo com uma sondagem da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que buscava obter quais eram os principais problemas do setor, para 24,2% dos entrevistados os juros elevados foram indicados como o principal problema. “Dos 24 setores da indústria de transformação avaliados, 13 afirmam que o problema de taxas de juros elevadas está entre os cinco principais desafios”, aponta a nota da CNI.
Na via dos juros altos, a economia brasileira desacelerou no terceiro trimestre de 2022, ao registrar um crescimento de apenas 0,4% na comparação com o trimestre anterior (1,0%).
O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial ressalta que o PIB da indústria de transformação ficou estagnado no terceiro trimestre deste ano (0,1%), influenciando a desaceleração da indústria total (0,8%), em comparação com o resultado do segundo trimestre (1,7%).
“Como esperado, o dinamismo do PIB no 3º trim/22 perdeu ritmo, a despeito das medidas anticíclicas adotadas pelo governo, como a liberação do FGTS e o aumento do Auxílio Brasil, por exemplo. A variação de +0,4%, já descontados os efeitos sazonais, foi menos da metade do resultado do 2º trim/22 e quase 1/3 da alta do 1º trim/22. Contribuíram para isso, entre outros fatores, os efeitos diferidos da elevação das taxas de juros no país. Como é produtora de muitos bens duráveis, cujos mercados demandam financiamento, a indústria de transformação foi bastante impactada”, destacou a entidade.