A farmacêutica brasileira União Química anunciou nesta segunda-feira (11) que iniciará a produção da vacina russa contra a Covid-19 Sputnik V no próximo dia 15.
A União Química, que tem unidade de produção de vacinas em Brasília, se prepara para solicitar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorização para o uso emergencial da vacina desenvolvida em Moscou pelo Instituto Gamaleya. Segundo o diretor da empresa, Rogério Rosso, a previsão de produzir até 8 milhões de doses por mês.
“O princípio ativo da vacina será feito em Brasília graças à transferência tecnológica, garantida pelo fundo soberano russo e o Instituto Gamaleya, que detêm os direitos da Sputnik V,” disse o presidente da União Química Fernando de Castro Marques.
“O fracionamento da vacina será feito na unidade de Guarulhos, onde temos instalações preparadas para fazer o envase da vacina. Iremos distribuir a vacina para a população assim que a produção estiver pronta”, afirmou Marques.
A União Química assinou no ano passado um acordo com o Fundo de Investimento Direto Russo (RDIF), responsável pelo financiamento da vacina, para a fabricação em território nacional da fórmula desenvolvida pelo Instituto Nikolay Gamaleya.
A União Química solicitou à Anvisa a validação da fase 3 dos ensaios clínicos, mas ainda não obteve retorno para formalizar o pedido de autorização. A vacina apresentou 91,4% de eficácia contra o novo coronavírus na última etapa de testes, segundo a Rússia.
No Brasil, o Paraná e a Bahia já firmaram acordos unilaterais com o RDIF, mas dependem da Anvisa para a aplicação das doses.
A Argentina já concedeu autorização para uso emergencial da Sputnik V e comprou um lote de 10 milhões de doses – suficientes para imunizar 5 milhões de pessoas.
Segundo o governo russo, México, Filipinas, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Indonésia e Índia apresentaram interesse na compra da vacina.
A Sputnik V é feita a partir de uma tecnologia nova, que utiliza adenovírus – vírus causadores de resfriado comum. No caso da vacina russa, a primeira e a segunda dose utilizam adenovírus diferentes, algo exclusivo do Instituto Gamaleya.
Após 21 dias, ocorre a segunda vacinação, com outro tipo de adenovírus, mas com o mesmo material genético do SARS-CoV-2. Então, segundo os dados russos, ocorre uma imunidade ainda mais forte e duradoura.
O método é semelhante ao usado pelo imunizante da multinacional AstraZeneca, em parceira com a Universidade de Oxford. Recentemente, a empresa inglesa anunciou uma parceria com o Instituto Gamaleya para estudar uma combinação das duas vacinas.
Nesta segunda-feira (11), Arseni Palaguin, porta-voz do fundo soberano russo confirmou que cerca de 1,5 milhão de pessoas já receberam a Sputnik V.