“Bolsonaro mostrou-se irresponsável, despreparado e genocida ao tratar com displicência e desprezo os cuidados necessários para com a saúde. Precisamos unir o País para superarmos este momento”, apontou
A ex-prefeita Marta Suplicy, integrante do movimento suprapartidário “Todos por São Paulo”, comemorou, nesta segunda-feira (16), a vitória de Bruno Covas (PSDB) no primeiro turno das eleições da capital e destacou que “a vitória de Covas representa a vitória da Frente Ampla que é necessária para superarmos o retrocesso civilizatório representado pelo bolsonarismo”.
Em entrevista ao HP, ela ressaltou que, entre outras coisas, “a população de São Paulo soube reconhecer a dedicação, empenho, zelo e responsabilidade do prefeito Bruno Covas na condução da pandemia”.
“Agora, precisaremos unir o País com a participação dos partidos e organizações representativas dos setores do centro, liberais, progressistas e de esquerda”, disse Marta.
Veja, na sequência, íntegra da entrevista.
HORA DO POVO – A senhora ressaltou no domingo que a vitória de Bruno Covas é o coroamento da construção de uma frente ampla contra o retrocesso civilizatório representado pelo bolsonarismo. Na sua opinião, qual a importância da constituição dessa frente?
MARTA SUPLICY – Bruno Covas, de fato, simboliza e representa a amplitude necessária para vencermos as eleições em São Paulo. Esse conceito e grau de amplitude são fundamentais para a construção da Frente Ampla no Brasil. Precisaremos unir o País com a participação dos partidos e organizações representativas dos setores do centro, liberais, progressistas e de esquerda.
HP – O empenho e a seriedade de Bruno Covas na condução do combate à Covid-19 e o esforço conjunto com o governo do Estado pelo desenvolvimento de uma vacina parecem ter sensibilizado a população. Diante dos descaminhos de Bolsonaro, a senhora acha que isso deu mais segurança aos moradores da capital para votar em Bruno?
MARTA – A população paulistana, sobretudo aqueles que mais precisam dos serviços públicos da Prefeitura e do Estado, souberam reconhecer a dedicação, empenho, zelo e responsabilidade do prefeito Bruno Covas na condução da pandemia.
Bolsonaro, por seu lado, mostrou-se irresponsável, despreparado e genocida ao tratar com displicência e desprezo os cuidados necessários para com a saúde e prevenção dos brasileiros. A Prefeitura de São Paulo, com a reeleição do Bruno, possibilitará uma vacinação em massa, de grande escala, assim que tivermos as vacinas aprovadas pelas autoridades sanitárias.
“A prefeitura de São Paulo, com a reeleição do Bruno, possibilitará uma vacinação em massa”
HP – A senhora destacou também a importância da união para seguir no binômio democracia e distribuição de renda. Nestes tempos de retrocesso econômico e ameaças à democracia, a construção da frente ampla deve se sobrepor aos interesses políticos individuais?
MARTA – O que me move nesse processo eleitoral de São Paulo é a oportunidade de todos nós contribuirmos para a construção do conceito do embrião da Frente Ampla nacional a partir de São Paulo.
Estou convencida que este espírito deve se sobrepor a tudo, inclusive e sobretudo a razões e interesses pessoais. Tanto é assim que, em todos os momentos do processo eleitoral paulistano, eu nunca me coloquei como pré-candidata, mas sim que estaria a serviço da construção da Frente mais Ampla possível, como de fato o fiz e me posicionei.
A questão do apoio em São Paulo ao Bruno Covas terá que se colocar como um esforço de grande envergadura para todos nós, que compreendemos a dimensão e importância da questão democrática no Brasil. Não podemos medir esforços, pois trata-se de uma questão eminentemente política, de relevante interesse popular e de grande importância nacional. A Frente Ampla terá que se impor e será inexorável.
“A Frente Ampla terá que se impor e será inexorável”
Lula e o PT apequenaram-se, tornando-se os grandes derrotados nestas eleições de São Paulo. Precisaremos de homens e mulheres que tenham condições e capacidade de unir o país em torno da Democracia e a diminuição das desigualdades.
Esse processo só será vitorioso se conseguirmos incorporar setores de centro, liberais e progressistas, na linha do que têm colocado e defendido lideranças importantes como Flávio Dino, FHC, Rodrigo Maia, Ruy Costa e José Sarney.
Muitos partidos, e organizações da sociedade civil, patriotas e democratas que não podem se omitir diante de questões tão relevantes para o Brasil e para o povo brasileiro.
HP – A cultura vem sendo uma das áreas mais atingidas pelo retrocesso bolsonarista. Na condição de ex-ministra da área, como a senhora avalia este momento? Como São Paulo pode ajudar a superá-lo?
MARTA – A cultura é um grande instrumento e ferramenta da transformação.
Estou convencida de que o prefeito Bruno não só tem consciência disso como dará ainda mais apoio e incentivo à cultura em seu segundo mandato. Através das artes e da cultura promovemos inclusão social, diminuição de desigualdades, ficando claras as razões do desmonte da cultura no governo Bolsonaro.
“Bruno dará ainda mais apoio à cultura em seu segundo mandato”
Cultura é sinônimo de elevação da alma e liberdade, coisas que os fascistas sempre odiaram. Na gestão do Bruno, em seu segundo mandato, vejo a promoção da cultura como forma de afastar definitivamente a ameaça autoritária e o fascismo de nosso horizonte.
HP – A experiência exitosa dos CEUS, uma criação de seu governo, significou um grande passo na direção de um ensino abrangente, de qualidade, aliando cultura, educação, esporte e lazer. Ela mereceu destaque na campanha de Bruno Covas, com promessa de ampliação. Já no plano federal, a ordem é “destruir tudo” o que foi feito por governos anteriores. Parece que esta é a diferença de um governo de diálogo e um governo autoritário. O que a senhora acha?
MARTA – Na criação dos CEUs a ideia chave era de promover janelas de oportunidade para crianças que nunca tiveram a condição de conhecer ou sonhar qualquer coisa além de seu bairro, geralmente carente no conhecimento cultural e ampla prática esportiva. Ao mesmo tempo que propiciava aos adultos acesso à prática de diferentes atividades esportivas e aumentava o conhecimento cultural.
Tão importante quanto a parte pedagógica é a ênfase na ampliação de uma maior visão do mundo e dos sonhos a serem realizados. Tive forte empenho para que tudo fosse do melhor, da qualidade da infraestrutura aos instrumentos e equipamentos e atividades culturais. Autoestima sempre me pareceu uma grande conquista no papel desempenhado pelos CEUs.
A construção de mais 12 CEUs, um pouco diferentes, nesta gestão, foi interessante. Temos falta de creches e no ensino fundamental. Estas novas construções vão atender estas carências na área pedagógica e manter as outras atividades. Os prometidos para os próximos 4 anos serão, parte para atender os pequenos, e os outros 6 analisados na função pedagógica necessária. Todos com a mesma infraestrutura de lazer, esporte e cultura para a comunidade.
“A construção de mais 12 CEUs nesta gestão foi muito interessante”
Bons políticos valorizam ações exitosas de antecessores e podem adaptá-las às novas realidades e demandas. Bruno me contou que os antigos telecentros, muitos abandonados, foram modernizados, e em outros locais diferentes foram criados espaços para fazer frente a novas demandas com salas de reunião, coworking e internet com computadores.