
Os trabalhadores metalúrgicos da Toyota garantiram na Justiça a abertura de uma mesa de negociação para tratar do emprego dos 580 funcionários da fábrica de São Bernardo do Campo. Após o anúncio do fechamento da unidade, os trabalhadores iniciaram uma mobilização com manifestações e protestos contra a retirada dos empregos da região.
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, após audiência no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT/SP), na última sexta-feira (8), “a Justiça determinou a criação de uma mesa negociação para a verificação da viabilidade da permanência da fábrica em São Bernardo”. Após a decisão, os trabalhadores aprovaram o retorno aos postos de trabalho, durante assembleia na manhã de hoje (11).
“Os trabalhadores seguiram a orientação da justiça de retornar ao trabalho e entenderam a vitória desta primeira fase. Queremos agora que nesta mesa de negociação tenhamos junto ao Sindicato e a empresa a participação do município, do Estado e o acompanhamento da Justiça do Trabalho. Queremos sentar, conversar e desenvolver alternativas”, afirma Moisés Selerges, presidente do Sindicato.
De acordo como o atual governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, integrantes da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico também irão se reunir com representantes da montadora em busca de um entendimento pelo não fechamento da unidade, e de soluções para o futuro dos 580 trabalhadores da fábrica, inaugurada em 1962.
Embora a direção da empresa afirme que os trabalhadores não perderão o emprego, já que poderão ser transferidos para outras unidades da Toyota em Porto Feliz, Sorocaba e Indaiatuba, o impacto da saída da fábrica será grande na região, afetando toda uma cadeia produtiva que inclui outras fábricas fornecedoras de peças e matérias primas para a produção da montadora.
Sobre a transferência dos trabalhadores para outras unidades, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC afirma que a direção da empresa não garantiu recursos para que os trabalhadores mudem de cidade. Além disso, dirigentes do sindicato também citam as dificuldades de uma família mudar radicalmente de vida, de uma hora para outra, em função de uma decisão assim, e sem quaisquer perspectivas de estabilidade.

Na última sexta-feira (8), os trabalhadores e seus familiares fizeram um ato em frente à fábrica. Eles pedem que os dirigentes da empresa se sentem à mesa para negociar com o sindicato soluções para que a fábrica continue a operar na região.
“Nós do sindicato sempre falamos em projeto, que temos um projeto, mas o que isso significa? Nosso projeto é que a gente possa ter um emprego, dinheiro no fim do mês, comida para a família, uma casa para morar, um carrinho para passear no fim de semana, que a gente possa dar estudo aos filhos […] nosso projeto é ser feliz”, disse Moysés.
Os dirigentes sindicais citaram ainda que além de afetar diretamente os trabalhadores e suas famílias, há a questão da responsabilidade social e econômica de uma empresa instalada em uma região há 50 anos.
“Este ato é uma demonstração de que não é um debate sobre a vida do trabalhador dentro da fábrica, mas que qualquer decisão assim afeta toda a sociedade. Afeta principalmente as famílias desses trabalhadores”, afirmou Aroaldo Oliveira Silva, dirigente do sindicato e presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do ABC.
“Não é só o risco do emprego, mas também a sobrevivência da economia de todo o ABC e a Toyota tem que cumprir com sua responsabilidade social”, disse Aroaldo, lembrando, inclusive, que a empresa se beneficiou de isenção fiscal para se estabelecer no município.