O Estado de Minas Gerais entrou nesta quarta-feira (17) na chamada “onda roxa” de restrição de circulação do programa Minas Consciente. A medida foi tomada pelo governo estadual para tentar conter o avanço da pandemia e deve durar inicialmente 15 dias.
Minas Gerais vive, atualmente, o momento mais grave da pandemia, com hospitais no limite. Na capital, Belo Horizonte, a ocupação de leitos de terapia intensiva chegou a 96% nesta quarta-feira.
“Chegamos agora no momento mais difícil, os hospitais estão no limite, ao mesmo tempo em que muitas pessoas não estão respeitando as medidas de isolamento. O resultado é que todas as regiões do estado enfrentam hoje dificuldades para oferecer atendimento médico. Por isso, ouvindo os especialistas em saúde e nosso comitê de enfrentamento da Covid, anunciamos medidas mais duras, pensando na proteção de todos os mineiros e para garantir atendimento adequado”, afirmou o governador Romeu Zema (Novo).
A adesão dos municípios à onda roxa será obrigatória. Segundo o governo, apenas serviços essenciais serão autorizados a funcionar e somente pessoas que trabalham nessas atividades deverão circular nas ruas.
De acordo com o novo secretário estadual de Saúde, Fábio Baccheretti, nos últimos três dias, o número de pacientes à espera de vagas cresceu “de forma exponencial” em Minas Gerais.
“Diferente de todo o cenário vivido nos últimos 12 meses, desde o início da pandemia, a gente desta vez vive um cenário único, que é todo o Estado sofrendo muito ao mesmo tempo”, pontuou.
Segundo ele, o estado está trabalhando para ampliar o número de leitos. Em fevereiro do ano passado, antes da pandemia, os municípios mineiros tinham 2.072 leitos de UTI. Hoje, são 4.248. Nesta segunda-feira, 85,31% dos leitos de terapia intensiva para pacientes com Covid-19 estão ocupados.
“Estamos utilizando todos os recursos possíveis. Os hospitais da Fhemig estão adaptando blocos cirúrgicos e pronto-atendimento para virarem leitos de CTI. Faremos remanejamento de equipamentos para que os municípios consigam, durante as próximas semanas, ampliar leitos”, afirmou o secretário.
Veja as medidas restritivas da onda roxa:
- Funcionamento apenas do serviço essencial
- Suspensão de cirurgias eletivas
- Restrição de circulação de pessoas (só poderão sair de casa para atividades essenciais)
- Toque de recolher das 20h às 5h e aos finais de semana
- Proibição de pessoas sem máscara em qualquer espaço público ou de uso coletivo, ainda que privado
- Proibição de circulação de pessoas com sintomas de gripe, a menos que estejam indo para consulta médica
- Proibição de eventos públicos ou privados
- Proibição de reuniões presenciais, inclusive entre parentes que não morem na mesma casa
- Implantação de barreiras sanitárias de vigilância
- Fechamento de bares e restaurantes (funcionamento apenas por delivery)
BELO HORIZONTE
A capital Belo Horizonte atingiu, na última segunda-feira (15), a maior taxa de ocupação de leitos em UTI para pacientes com Covid-19, desde o início da pandemia. O índice está em 93,4%, segundo boletim divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde. Só na rede privada, a lotação está em 98%. Na rede SUS, a ocupação chegou a 89,7%.
O prefeito Alexandre Kalil (PSD) anunciou novas restrições em Belo Horizonte para tentar conter o avanço do coronavírus.”Nós vamos ser bem pragmáticos. A situação está piorando exponencialmente”, disse Kalil.
Em entrevista coletiva, o prefeito já havia anunciado que parques, praças e outros locais de caminhadas estariam fechados desde o último sábado (13).
“A fiscalização será implacável na cidade de Belo Horizonte”, falou o prefeito.
Risco de falta de oxigênio nas regiões Nordeste e Norte do estado
Cidades das regiões Nordeste e Norte de Minas estão em estado de alerta devido à escassez de oxigênio em hospitais. A Associação Mineira da Área Mineira da Sudene (AMAMS) informou nesta quarta-feira (17) que o município de Manga já enfrenta crise de abastecimento do insumo. Os hospitais de Bocaiuva, Brasília de Minas, Coração de Jesus, Espinosa, Jaíba, Janaúba, Januária, Montes Claros, Pirapora, Salinas, Taiobeiras, Varzelândia e, agora Manga, já correm risco de desabastecimento, segundo a AMAMS.
O Hospital Municipal de Januária comunicou na terça-feira (9) a possibilidade de falta de oxigênio porque a empresa que fornece o insumo não estaria dando conta de aumentar a capacidade de produção, que é de 1.000 m³.
A prefeitura de Januária informou que na terça-feira (16) a cidade recebeu do governo estadual novos cilindros de oxigênio, que serão destinados ao hospital municipal.
“Estamos diante de uma situação muito grave; é inadmissível pessoas perderem suas vidas pela falta deste produto tão essencial neste momento de pandemia. Todos os prefeitos empregam grande esforço em busca de soluções e medidas que possam evitar o aumento de casos de covid-19 e mortes no Norte de Minas, mas agora clamamos ajuda para que o caos pela falta de oxigênio seja evitado”, disse o presidente da associação e prefeito de Padre Carvalho, José Nilson Bispo. Ele afirmou ainda que vai cobrar do governo estadual uma solução para a falta de oxigênio na região.
O secretário de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, disse que pediu apoio ao Ministério da Saúde para que não falte oxigênio no Estado. “A maioria dos hospitais grandes com leitos de CTI utilizam grandes reservatórios de oxigênio. Mas para os leitos que estão sendo criados não dá tempo dessa estrutura, e são leitos com cilindro de oxigênio. A logística desse insumo é complexa, tem que se trocar várias vezes por leito e o paciente Covid exige muito oxigênio. Temos pedido apoio ao Ministério da Saúde em relação a isso já prevendo esse aumento de consumo para que não haja nenhum tipo de falta de suprimento”, afirmou.