O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, declarou, na terça-feira (30), que o trabalho informal no Brasil – aquele sem jornada definida, sem salário mínimo, sem direitos previdenciários e, muitas vezes, análogos à escravidão – não é tão ruim assim. Como exemplo, o ministro citou que “um flanelinha no Leblon ganha R$ 3 mil, R$ 4 mil por mês. O flanelinha!”.
Ainda falando como um extraterrestre, ou coisa que o valha, o ministro de Bolsonaro disse que o aumento da informalidade é um problema “que sempre existiu” no país, completamente alheio ao fato de o trabalho informal ter atingido o maior patamar nos últimos anos, chegando a 40,6% entre junho e setembro, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e à fome e a miséria que assombra os lares brasileiros.
São 37,709 milhões de cidadãos trabalhando sem carteira assinada. Segundo o IBGE, os números representam um aumento de 2,6% da informalidade em relação ao mesmo período de 2020, quando a situação já era de calamidade.
A fala de Marinho aconteceu durante 93º Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC). Ao discorrer sobre a maravilhosa “realidade” dos flanelinhas, Rogério Marinho comparou a situação com a de um trabalhador que tange animais, afirmando que enquanto isso, “alguém em Jucurutu, no interior do meu Estado, Rio Grande do Norte, tangendo animais, ganha R$ 200”, disse.
“É uma realidade completamente diferente, as pessoas têm que entender isso para poder compreender o que é nosso País”, afirmou o ministro.
“O Brasil sempre teve problema estrutural na geração de seus empregos, sempre tivemos pelo menos metade da nossa mão de obra na informalidade, isso não é nenhuma novidade”, disse ainda.
Durante o mesmo debate, o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, defendeu que para combater a informalidade, o governo está preparando um novo sistema de “contratação simplificada”, o que, pela explicação do ministro, que comparou o sistema com medidas que estavam previstas na MP 1045, a minirreforma trabalhista rejeitada pelo Congresso Nacional, significa mais precarização dos direitos dos trabalhadores.
“Vai estar disponível para as prefeituras brasileiras logo na virada do ano, que é um sistema de contratação simplificada. Um jovem ou pessoa de mais de 50 anos vai para uma prefeitura, trabalha um turno, recebe o equivalente, e ela tem a obrigatoriedade da qualificação”, disse Lorenzoni.