Senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) acionou o STF após a viagem do presidente à Rússia. Caberá à Procuradoria analisar se há elementos para abrir uma apuração
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou nesta quarta-feira (23), que a PGR (Procuradoria-Geral da República) se manifeste, em cinco dias, sobre pedido para investigar a presença do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e do assessor Tercio Arnaud na comitiva da viagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) à Rússia, na semana passada.
O fato de Carluxo (apelido íntimo dado pelo primo Léo Índio) deixar o cargo de vereador no município do Rio de Janeiro e ir para Brasília cuidar de assuntos do presidente da República gerou críticas e rendeu-lhe o apelido de “vereador federal”. É prosaico, mas é esdrúxulo, pois o filho “zero 2” de Bolsonaro não tem nenhum cargo formal na hierarquia do governo.
E o fato de deixar as atribuições e compromissos do cargo que ocupa no Rio torna essa prática do vereador, com anuência e defesa do pai, algo surreal.
Carlos integrou a comitiva do pai mesmo sem ter qualquer compromisso oficial na Rússia e em meio a votações na Câmara de Vereadores da capital fluminense. O governo alega que não houve ônus para os cofres públicos, mas isso é questionável e alvo do pedido de investigação.
De acordo com algumas fontes, a viagem do “zero 2” foi envolta em mistério, surpreendeu a todos da comitiva e só foi anunciada em cima da hora.
PEDIDO DE RANDOLFE
O ministro analisa pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). A viagem do presidente ao país europeu ocorreu entre os dias 14 e 16 de fevereiro.
O pedido do senador foi apresentado no âmbito do inquérito que investiga a atuação de milícia digital, voltada para ataques ao sistema democrático brasileiro.
Tércio Arnaud foi apontado por parlamentares, em depoimentos à Polícia Federal, como integrante do chamado “gabinete do ódio” – grupo que reúne aliados do presidente Bolsonaro e que atuaria contra as instituições até de dentro do Palácio do Planalto.
Caberá à PGR avaliar se há elementos para abrir investigação sobre os fatos.
APURAÇÃO
No pedido, o senador afirmou ao STF que “não é demais destacar que o presidente incrementou os ataques ao sistema eleitoral brasileiro, passando inclusive a se utilizar de pretenso argumento de autoridade baseado nas Forças Armadas para questionar novamente a sua integridade”, acrescentou o senador.
DETALHES DA AGENDA DE CADA DOS INTEGRANTES DA COMITIVA
Além de defender a apuração das circunstâncias da viagem, o senador afirmou que é preciso intimar a Presidência da República para informar os detalhes da agenda de cada um dos integrantes da comitiva, com “a exposição sumária dos temas tratados e das contrapartes envolvidas”.
Devem ser informados ainda os “resultados individualizados e concretos das agendas dos integrantes da comitiva presidencial, inclusive e sobretudo daqueles integrantes do já conhecido ‘gabinete do ódio’, como o vereador Carlos Bolsonaro e o assessor Tércio Arnaud”.
As arguições de Randolfe ao Supremo são petardos, pois é sabido que quando Bolsonaro viaja carrega consigo um monte de “bicões”, isto é, um bando de desocupados (sem agenda oficial), cuja “tarefa” é se divertir nessas agendas presidenciais, seja no Brasil ou no exterior.
M. V.