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“O Ministério da Saúde que precisava garantir a permanência de atendimento com saúde, não garantiu. A segurança não garantiu. Alimentação, as condições de apoio à produção, não garantiu”, argumentou o ministro do Desenvolvimento Social
O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, afirmou que Bolsonaro deve ser responsabilizado pela tragédia que se abateu sobre a comunidade Yanomami. “É o presidente da República”, declarou Dias.
O ministro revelou desconfiar que houve intenção de desmantelar o acesso dos indígenas yanomamis a serviços de saúde e assistência social.
“Eu sou de um estado onde o extermínio dos povos das origens foi planejado a ponto de um governador reconhecer em lei que não havia mais indígenas no Piauí. Ali [com os yanomamis], a intenção era de colocar de forma sufocada, sem atendimento, sem atenção a essa população. É isso que estamos encontrando lá em cada visita, cada comunidade”, disse.
As declarações do ministro ocorreram em entrevista ao portal UOL. Para Wellington Dias, o governo Bolsonaro “sabia o que poderia acontecer” caso não desse a assistência necessária aos pedidos de ajuda feitos pelos indígenas.
Wellington Dias avaliou que as mortes por fome e falta de atendimento médico resultam em genocídio praticado pelo governo antecessor.
De acordo com o ministro, pelo menos 21 comunicados oficiais chegaram à Presidência da República sobre o estado da área yanomami, sem providências.
“Se isso chegava ao governo, e se o governo não tomava providência, o que estava em jogo? Eu acho que a investigação vai chegar a algo muito mais sério”, argumentou.
O ministro informou que ainda não há um balanço final de vítimas da desnutrição em Roraima, especialmente crianças. “Não foi de agora, não é do mês de janeiro uma criança de 9 anos pesando 7 quilos”, disse.
Dias citou números iniciais de 570 a 580 crianças que já morreram vítimas da desnutrição e da falta de assistência de saúde na Terra Indígena Yanomami. Ele observou, entretanto, que o governo atual ainda não tem “dimensão de quantas pessoas morreram ali”.
“Pelo que a gente acompanhou, é que pode ser um número bem pior. De verdade, cabe a investigação, mas também a operação para salvar vidas, é assim que estamos chegando”, disse.
Segundo o ministro, Bolsonaro deve ser responsabilizado pelas mortes de Yanomamis em Roraima. “É o presidente da República. O Ministério da Saúde que precisava garantir a permanência de atendimento com saúde, não garantiu. A segurança não garantiu. Alimentação, as condições de apoio à produção, não garantiu”, argumentou.
A crise humanitária do povo yanomami deve ser enviada ao Tribunal Penal Internacional de Haia em algumas semanas.
O processo inicial, feito pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) em 2021, tem como alvo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por genocídio e crimes contra a humanidade.
Agora, o processo de recolhimento de informações sobre os yanomamis deve levar algumas semanas para ficar pronto e ser enviado a Haia.
Em um comunicado no Telegram, onde ele omitiu dados sobre mortes de indígenas ao defender ações feitas em seu governo, Bolsonaro chamou as acusações feitas contra sua gestão frente à tragédia humanitária do povo yanomami de “farsa da esquerda”.