Entidades do movimento de moradia, associações de bairro, sindicatos, entidades femininas, da negritude, estudantis e lideranças partidárias que encabeçam a campanha “Abaixo a Carestia que a Panela Está Vazia”, lançaram esta semana um manifesto em que denunciam a perda do poder de compra dos brasileiros, a piora drástica na condição de vida do povo e a fome que já assola milhares de lares no país, e exigem medidas do governo para conter o aumento desenfreado dos alimentos e gêneros de primeira necessidade.
“Chegou a hora de darmos um basta nesse crime e acabar de uma vez por todas com essa humilhação e sufoco insuportável, provocado pelo governo Bolsonaro”, diz o manifesto, ao lembrar que “cada vez mais gente está passando pelo desespero e humilhação de comprar ‘carcaça de frango’ com pele e gordura para os seus filhos, disputar ossos nos açougues ou até mesmo procurar restos de comida em caminhões de lixo”.
O manifesto exige o “controle de preços” por parte do governo, e tabelamento dos preços da Cesta Básica, gás de cozinha, conta de luz e combustíveis aos valores de 2020. “Não vamos assistir e sofrer com esta situação no País, um dos maiores produtores de alimentos do mundo e uma das maiores economias”.
O documento faz um apanhado da piora nas condições de vida da população, especialmente dos mais pobres, e afirma: “Não bastasse a pandemia levar a vida de quase 700 mil brasileiros, 116,8 milhões de pessoas passaram fome em algum momento do ano de 2021, no Brasil. Ao mesmo tempo em que o desemprego e a extrema pobreza chegou a 14,6% em 2021, o valor da cesta básica subiu para R$ 713,86 em janeiro de 2022, consumindo 63% do salário mínimo. O gás de cozinha é vendido a R$ 150,00, e a inflação de 1,67% (março/2022) é a maior em 28 anos”.
O manifesto repudia ainda o aumento da energia elétrica, “que não para de crescer”, e do combustível.
“Esta tragédia atinge a todos, indistintamente. Mas são os mais pobres, milhões de brasileiros e brasileiras, que mais sofrem”, afirmam as entidades.
O documento denuncia a política do governo “que acabou com o estoque regulador da Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB, e estimulou a exportação dos alimentos nos últimos dois anos, quando alcançamos safras recordes”.
E acrescentam que isso foi exatamente o contrário do que foi feito em muitos países do mundo, onde os governos compraram mantimentos para garantir a segurança alimentar da sua população durante a pandemia.
“O resultado”, diz o manifesto, “é que para alimentar as nossas famílias temos que cortar a mistura das refeições, parcelar a compra do mercado e até do gás, escolher quais contas não pagar”.
Para os signatários do manifesto, “se o salário não cresce, o preço também não pode subir!”, e proclamam “abaixo a carestia que a panela está vazia!”.
A campanha contra a carestia, que surgiu no final do ano passado em São Paulo, por iniciativa do Movimento de Defesa da Moradia (MDM), tem se expandido para toda a cidade.