Novo texto dos signatários da “Carta de 22” reforça convocação para o ato do dia 11 de agosto, às 11h, no pátio da Faculdade de Direito da USP, Largo de São Francisco. Muitos assinaram a Carta de 77
Os organizadores do manifesto em defesa da democracia da Faculdade de Direito da USP lançaram uma nova carta convocando os democratas para o ato do dia 11 de agosto, no Largo de São Francisco, às 11h, para leitura pública do documento.
Em 8 de agosto de 1977, há 45 anos, o pátio da Faculdade de Direito da USP foi palco de um ato histórico “em defesa da democracia e em repúdio ao regime militar”, lembram os signatários da “carta de 22”.
Comemoramos hoje os 45 anos do histórico evento ocorrido no pátio da Faculdade de Direito da USP em defesa da democracia e em repúdio ao regime militar
Segundo eles, “a tentativa de fragilizar a democracia e as instituições uniu pessoas com trajetórias de vida diferentes; as divergências foram suspensas e a defesa do Estado Democrático de Direito prevaleceu como valor sublime”.
O novo documento é assinado pelo diretor da Faculdade de Direito da USP, Celso Fernandes Campilongo, pela vice-diretora, Ana Elisa Liberatore Silva Bechara, pelo presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Dimas Ramalho, pelo conselheiro do Tribunal, Antônio Roque Citadini, pelo procurador de Justiça Luiz Antônio Marrey, pelo juiz federal Ricardo de Castro Nascimento, pelo procurador-geral do Ministério Público de Contas, Thiago Pinheiro Lima, e pelo advogado Roberto Vomero Monaco.
A “carta de 22” exalta “caráter plural e a ausência de vinculação a partido político, vocalizando o anseio da sociedade civil”, do manifesto da Faculdade de Direito da USP.
“Hoje juntos assinamos a Carta. Amanhã poderemos nos separar na defesa de projetos diferentes para o país. Nada mais natural em uma sociedade multicultural, na qual a discordância está sempre presente no debate de ideias. Contudo, se a democracia estiver novamente em perigo, estaremos juntos na defesa do valor maior”, continua.
Leia a íntegra da “carta de 22”:
Comemoramos hoje os 45 anos do histórico evento ocorrido no pátio da Faculdade de Direito da USP em defesa da democracia e em repúdio ao regime militar.
Em 08 de agosto de 1977, o professor Goffredo da Silva Telles Júnior leu a “Carta aos Brasileiros”, documento que se tornou um marco na luta pelo restabelecimento do Estado de Direito.
Diante dos atuais ataques à democracia e às instituições, com questionamentos infundados ao processo eleitoral brasileiro, insinuações de adiamento do pleito e, até mesmo, de eventual desprezo ao resultado da vontade popular, resolvemos editar uma nova “Carta às brasileiras e aos brasileiros”, com o propósito de reafirmar o pacto de 1988 e o respeito às regras do jogo democrático, aproveitando a simbologia da data para fazer uma justa homenagem à carta de 1977.
Entre as principais razões do êxito na expressiva adesão à “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito” estão o seu caráter plural e a ausência de vinculação a partido político, vocalizando o anseio da sociedade civil.
Sem essa marca, presente em todo o processo, jamais teríamos alcançado as centenas de milhares de assinaturas. Não imaginávamos chegar tão longe. Iniciamos com a comunidade jurídica, depois abrimos as adesões para a sociedade civil. Vieram motoristas, catadores de latinha, empresários, artistas e os mais diversos segmentos da sociedade. Todos muito bem-vindos.
O texto da Carta foi escrito a várias mãos com o claro objetivo de atrair o maior número de assinaturas daqueles que compreendem a democracia como preceito fundamental. Cada um dos subscritores firmou um compromisso com este valor. A mobilização popular será o antídoto eficaz para evitar eventual investida contra o resultado da eleição, independentemente de quem seja o vencedor.
A tentativa de fragilizar a democracia e as instituições uniu pessoas com trajetórias de vida diferentes; as divergências foram suspensas e a defesa do Estado Democrático de Direito prevaleceu como valor sublime.
Não há melhor lugar para a leitura pública da Carta do que a Faculdade de Direito da USP. A história das Arcadas fala por si, recheada de tolerância, respeito aos adversários e, sobretudo, marcada por lutas históricas pela democracia.
A concepção de Estado Democrático de Direito implica, ainda, igualdade de oportunidades, respeito à diversidade, à democracia racial e à liberdade religiosa, entre outros valores de igual relevância. É um conceito em permanente construção.
Com o início da campanha eleitoral a partir de 16 de agosto, o debate estará aberto. Cada um defenderá o candidato que entenda ser o melhor para conduzir o país, na certeza de que muitos outros pleitos virão. Eventual equívoco em uma eleição poderá ser retificado na seguinte e assim sucessivamente.
Hoje juntos assinamos a Carta. Amanhã poderemos nos separar na defesa de projetos diferentes para o país. Nada mais natural em uma sociedade multicultural, na qual a discordância está sempre presente no debate de ideias. Contudo, se a democracia estiver novamente em perigo, estaremos juntos na defesa do valor maior.
Com o sentimento de unidade, convidamos todas as pessoas a estarem presentes no ato de leitura da “Carta às brasileiras e brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito”, no dia 11 de agosto, às 11h00, na Faculdade de Direito da USP no Largo de São Francisco.
Será um momento ímpar para celebrarmos o que nos une: Estado Democrático de Direito sempre!