O ex-juiz e ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, formalizou sua filiação ao Podemos – movimento que é o primeiro passo de uma possível candidatura à Presidência da República, apesar não ter anunciado ainda a que cargo pretende disputar na eleição em 2022.
A entrada de Moro na política partidária aconteceu em evento realizado em Brasília, nesta quarta-feira (10).
Embora não tenha indicado se vai concorrer a algum cargo no ano que vem, discursou como candidato, sinalizando que, “se for necessário assumir a liderança” no projeto eleitoral do partido, seu nome “sempre estará à disposição do povo brasileiro”.
O ex-juiz ganhou notoriedade nacional como titular da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba durante a Operação Lava Jato. Ele abandonou a magistratura para ser ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, cargo que deixou no ano passado após acusar o presidente de tentar interferir na Polícia Federal.
Seguindo a linha do tema que o fez despontar no cenário nacional, fez um discurso que priorizou o combate à corrupção. “Chega de mensalão, chega de petrolão, chega de rachadinha, chega de orçamento secreto. Chega de querer levar vantagem em tudo e enganar o povo brasileiro”, disse.
Moro defendeu o fim do foro privilegiado e a retomada da prisão após a condenação em segunda instância.
“Eu sonhava que o sistema político iria se corrigir após a Lava Jato, que a corrupção seria coisa do passado e que o interesse da população seria colocado em primeiro lugar. Isso não aconteceu”, comentou o ex-juiz.
O Podemos vai tentar emplacar o ex-ministro como possível “terceira via” – ou seja, como alternativa a Bolsonaro, que deve tentar a reeleição, e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas de intenção de voto.
Porém, a filiação ao partido contraria uma promessa do próprio Moro nos tempos em que atuava na Lava Jato de nunca entrar para a política. “Sou um homem de Justiça e, sem qualquer demérito, não sou um homem da política”, disse o ex-juiz em 2016.