Reunião de trabalho para o socorro aos gaúchos foi feita neste domingo (5) e contou com a presença do presidente, 13 ministros, os presidentes do Senado e Câmara, do TCU, do STF e do comandante do Exército
Reunido com toda a comitiva de representantes dos Três Poderes, em Porto Alegre, o presidente Lula afirmou, na reunião de trabalho de socorro ao R, realizada nesta domingo (5), que todas as verbas necessárias para a reconstrução do RS estão garantidas e prometeu reduzir a burocracia para as obras. O presidente disse que nunca viu um estrago tão grande como o que ocorreu no estado.
Lula fez a reunião após comandar um encontro de autoridades federais com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo; e outros prefeitos gaúchos. Antes da reunião, a comitiva tinha sobrevoado a região metropolitana de Porto Alegre, onde acompanharam os estragos da subida do Lago Guaíba.
Essa é a segunda viagem de Lula ao Rio Grande do Sul desde o início das enchentes. Na quinta-feira (2), o presidente foi a Santa Maria, região central do estado, acompanhar os trabalhos de resgate e socorro às vítimas.
“Eu sei que o estado tem uma situação financeira difícil, sei que tem muitas estradas com problema. Quero dizer que o governo federal através do Ministério dos Transporte vai ajudar vocês a recuperarem as estradas estaduais”, afirmou Lula em pronunciamento após sobrevoar a região metropolitana de Porto Alegre, acompanhado do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira; do Senado, Rodrigo Pacheco; e do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Assista a reunião de socorro ao RS na íntegra
“É preciso a gente ter uma combinação perfeita entre Governo Federal, Legislativo, Tribunal de Contas, Ministério Público, porque cada centavo que for colocado para combater uma coisa dessas tem que ser aplicado naquilo que foi planejado”, destacou Lula, após um sobrevoo sobre a região de Canoas, uma das mais afetadas, e sobre Porto Alegre.
Ao se dirigir a Eduardo Leite, o presidente afirmou que o Governo Federal apoiará a reconstrução e recuperação de estradas gaúchas, e não apenas no âmbito das rodovias federais. “Eu sei que tem muitas estradas estaduais que estão com problema. Eu quero te dizer que não fique preocupado, porque o Governo Federal, por meio do Ministério do Transporte, vai ajudar você a recuperar também as estradas estaduais”, assegurou Lula, ciente do desafio financeiro do estado num contexto em que há 336 municípios afetados diretamente (67,6% dos 497 do Rio Grande do Sul).
“Não haverá impedimento da burocracia para que a gente recupere a grandeza deste estado”, destacou Lula, que também pediu que as autoridades públicas, de agora em diante, atuem de maneira preventiva para reduzir o impacto de eventos climáticos extremos. “É preciso que a gente pare de correr atrás da desgraça. É preciso que a gente veja com antecedência o que pode acontecer de desgraça para gente poder trabalhar”, acrescentou.
Lula fez questão de lembrar que as moradias deverão ser construídas em lugares ais seguros. “Na reconstrução a gente não pode permitir que as pessoas reconstruam no mesmo local que tinha casas que caíram. É preciso que prefeituras, estado e União localizem terrenos de maior tranquilidade para as pessoas poderem reconstruir o seu ninho”, destacou. Ele disse que o ministro da Fazenda terá que ajudar aliviando a questão da dívida dos estados e que os financiamentos para empresas que tiveram prejuízos deverão ser agilizados. “Não haverá desemprego por conta desses prejuízos”, garantiu.
O ministro da Integração Nacional, Waldez Góes, disse que os governos federal e estadual começam a trabalhar com as prefeituras de regiões como o Vale do Taquari, para restabelecer serviços onde os rios começam a recuar. Ele, no entanto, esclareceu que a prioridade continua sendo o resgate de pessoas ilhadas.
O governador gaúcho, Eduardo Leite, voltou a afirmar que o estado passa pela maior catástrofe climática da história. Ele advertiu para o risco de desabastecimento e de colapso em diversas áreas, por causa da interdição do Aeroporto Salgado Filho, dos bloqueios e destruições em rodovias e da falta de energia e água em diversas localidades. Após o resgate das vítimas, disse o governador, a preocupação será com a retomada das atividades da indústria do estado, que tem a quarta maior economia do país.
“Estamos acompanhando o impacto nas cadeias produtivas, porque os animais não chegam, o frigorífico foi também atingido, colapsado. Isso atinge a vida dos trabalhadores naturalmente, mas tem uma questão de abastecimento também. Então, ações vão ter que ser empreendidas nessa área. O impacto na indústria, por insumos que não chegarão, ou as empresas que fornecem e que foram atingidas, paralisações nas plantas industrias, que vão exigir medidas econômicas”, ressaltou o governador.
O senador Rodrigo Pacheco afirmou que o desastre climático que se abateu sobre o povo gaúcho e seus efeitos ao estado estão no topo da pauta do país. “Estamos aqui hoje demonstrando de fato, para além de uma fotografia, um compromisso republicano de união dos poderes e de união federativa em torno de uma tragédia que extrapola o Rio Grande e é uma tragédia nacional”, afirmou o presidente do Senado.
O deputado Arthur Lira disse falou da importância da união de todas as esferas de poder para enfrentar a tragédia gaúcha. “Nossa responsabilidade esta semana será de perseverança, de discussão e de rumo, para que a gente elabore uma medida totalmente extraordinária”, frisou Arthur Lira. “Essa semana será de negociação, de trabalho no Congresso, e a resposta será firme e efetiva, como foi na pandemia”, completou o parlamentar.
Tanto o presidente do Tribunal de Contas quanto o ministro Fachin prometeram agilidade nas questões referentes aos assuntos ligados ao socorro por parte do Governo Federal ao Rio Grande do Sul. “Tudo o que chegar ao nosso tribunal será tratado com o máximo de prioridade”, declarou Bruno Dantas.
“Temos tido todo o zelo para fiscalizar o uso do dinheiro público, mas toda a sensibilidade para saber que em momentos excepcionais nós devemos também usar regras mais flexíveis para que o objetivo final de toda ação do Estado, que é a proteção dos cidadãos, seja atingido de maneira eficiente e eficaz”, continuou.
O mesmo recado foi dado pelo ministro Edson Fachin: “O Poder Judiciário Brasileiro está presente para unir os seus esforços a fim de salvar pessoas e reconstruir o estado do Rio Grande do Sul. Dúvida alguma há da necessidade, imprescindível, de integração entre instituições, de cooperação e colaboração”.
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, pediu a chegada rápida de recursos aos municípios para que os trabalhos de reconstrução comecem o mais rápido possível. Na própria capital do estado, destacou, faltam equipamentos para enfrentar uma tragédia climática dessa dimensão. Segundo ele, o problema é ainda mais grave no interior do estado.
“Estão faltando barcos, botes e coletes na cidade. Estou falando da minha cidade, mas isso se estende para muitas dezenas de municípios e isso não pode esperar. Tem de ser hoje, tem de ser agora”, disse Melo. O prefeito ressaltou que 70% da cidade está sem água e que há escassez de diesel para os caminhões-pipa e de oxigênio para os hospitais, mas disse que, neste momento, as autoridades públicas precisam concentrar-se em salvar vidas.
Segundo o último balanço divulgado pelo Governo do Rio Grande do Sul, às 12h deste domingo, mais de 780 mil pessoas foram afetadas diretamente pelas chuvas, das quais 88.395 estão desalojadas e outras 16.600 encontram-se em abrigos. O estado registra 77 mortes e outras quatro estão em investigação, além de 155 feridos e 108 desaparecidos, com 2.495 solicitações de resgate e 214 pontos de bloqueios de vias.
Com informações da Agência Brasil