O senador Jaques Wagner (PT-BA) afirmou, em entrevista na terça-feira (17) ao jornalista Mário Kertész, da Rádio Metrópole, que considerou descabida a nota da executiva nacional do PT contra o governador Rui Costa. A polêmica se deu em função do governador ter dito, em entrevista à revista Veja do último fim de semana, que o PT deveria ter apoiado Ciro Gomes em 2018 e que a campanha “Lula Livre” não deveria ser um impeditivo para a construção de uma unidade com outras forças.
“Primeiro, eu acho a nota totalmente descabida, a nota da executiva. Eu nunca vi a executiva de um partido fazer uma nota daquele tamanho para repreender um governador, aliás um governador do maior estado governado pelo PT, e o governador mais bem avaliado do PT num território que, modéstia à parte, nós fomos quem mais demos votos para a Dilma, quem mais demos votos para Haddad. Então, na minha opinião, a nota é muito ruim”, disse Wagner.
O próprio governador já havia contestado a nota. “Tenho uma história de vida no PT, e exijo respeito aos meus valores de vida”, disse. “Entre esses valores”, acrescentou o governador, “está o caráter, compromisso com a verdade e total respeito e solidariedade aos companheiros de caminhada”.
“Agora, vou continuar defendendo o que penso de forma franca e sincera. Mais do que nunca é preciso sair da bolha e dialogar com a sociedade brasileira. Lutei e lutarei pela liberdade de expressão. O que valorizo é o trabalho pelo meu estado e pelo meu país”, prosseguiu Rui Costa.
Na nota da direção do PT, dirigida por Gleisi Hoffmann, o partido afirma que “o debate sobre 2022 é prematuro e que o apoio a Ciro em 2018 não se justificava”.
Além de criticar o governador dizendo que o debate sobre 2022 “é prematuro”, a nota do PT afirma que a decisão foi correta de lançar candidato próprio em 2018 e que só perdeu “pelo uso criminoso de notícias falsas pela campanha de Bolsonaro, com financiamento ilegal até de fontes estrangeiras, contando com a omissão da mídia e da Justiça Eleitoral”.
Na entrevista à Veja, Rui Costa admite que pode vir a disputar a Presidência da República. Isso incomodou a direção do partido. Por isso a afirmação de que o debate sobre 2022 seria “prematuro”.
Ele defendeu também que era necessário ampliar as alianças para enfrentar as forças do atraso. “A reflexão também tem de ser anterior. Faltou perceber que era preciso dialogar com todos os segmentos sociais, mesmo com aqueles que pensam diferente”, disse o governador, na entrevista.
Ele voltou a defender sua visão para o momento atual. “A bandeira Lula Livre não deve ser condicional para que o partido forme alianças com partidos de oposição”, enfatizou.
Jaques Wagner argumentou à Metrópole que “a melhor coisa que a gente faz para ajudar o PT é ter um estado bem administrado”. “Eu, na época, disse que o candidato não precisava ser do PT”, destacou.
“Nós temos mais com que se preocupar do que a executiva ficar fazendo nota. Eu acho que nós estamos com tanto problema no Brasil que é bom a gente não gastar nossa energia com essas brigas”, acrescentou Wagner.
“Descabida mesmo foi a nota da executiva”, concluiu o senador.