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O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, comemorou na última terça-feira (5) que 445.553 jovens com idade entre 15 e 18 anos emitiram o seu título de eleitor no mês de março, sendo um crescimento de 27,6% em relação ao mês de fevereiro, ainda, segundo o ministro, foram registrados 349.160 novos eleitores nesta faixa etária.
O Brasil terminou o mês de março com 1,05 milhão de pessoas de 15 a 17 anos com título, o que equivale a 17,32% da população nessa faixa etária. O número é o menor registrado para março desde 2004, quando os levantamentos do TSE passaram a ser mensais.
Os dados foram apresentados por Fachin aos demais integrantes da Corte Eleitoral no início da sessão da terça. O ministro lembrou que, entre os dias 14 e 18 do mês passado, o tribunal promoveu a Semana do Jovem Eleitor de 2022, uma ação de comunicação com apoio dos 27 tribunais regionais eleitorais para tratar da importância do primeiro voto.
Para Fachin, a iniciativa foi um “sucesso”, sendo que, no período, foram emitidos mais de 90 mil jovens que emitiram o primeiro título eleitoral. Em janeiro deste ano, o número de novos títulos concedidos alcançou 349.768.
O ministro destacou o apoio espontâneo que a Justiça Eleitoral recebeu de partidos políticos, da sociedade civil organizada, imprensa, clubes de futebol, jogadores, influenciadores e artistas que participaram das campanhas de incentivo para que jovens emitam seus títulos. Na internet, segundo o TSE, a campanha alcançou mais de 88 milhões de pessoas no Brasil.
Os demais ministros da Corte Eleitoral saudaram os dados apresentados por Fachin. O ministro Alexandre de Moraes, que vai presidir o tribunal durante as eleições deste ano, elogiou a iniciativa.
“Um incremento de quase 28% em relação a fevereiro. Mostrando que o jovem eleitor, maior de 16 anos, que já tem possibilidade de tirar seu título de eleitor, precisava realmente ser chamado. Esse é um chamamento à cidadania para que possam decidir as próximas eleições, assim como os demais”, declarou Moraes.
CAMPANHA
A atuação de artistas como Anitta, Emicida, Zeca Pagodinho, Whindersson Nunes, Juliette, Gil do Vigor, Zélia Duncan, Luiza Sonza entre outros, que incentivava os jovens de até 17 anos a tirar o título de eleitor, surtiu efeito no último mês, como mostram os dados.
Anitta está entre os nomes que usaram suas redes sociais para fazer um apelo aos eleitores dessa faixa etária. Ela brincou que sempre pedem para que ela “faça alguma coisa”, mas ela não pode fazer sozinha e reforçou a importância do voto.
Até celebridades internacionais, como o ator Mark Ruffalo compartilhou a importância do título de eleitor para a juventude. “Em 2020, os americanos só derrotaram Donald Trump porque os eleitores recordes usaram seus direitos democráticos, especialmente os jovens. Para derrotar Bolsonaro, brasileiros de 16 e 17 anos, devem se registrar para votar nas próximas eleições até 4 de maio”.
NECESSÁRIO AVANÇAR
Para o diretor da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES) Lucca Gidra, que coordena a campanha “TODO ESTUDANTE COM TÍTULO NA MÃO! FORA BOLSONARO” na cidade de São Paulo, esse aumento é fundamental para a juventude, tendo em vista seu descontentamento com o governo de Jair Bolsonaro que ameaça o futuro dos jovens no país.
“Esse aumento recente de tiragem de título, ainda mais com a chegada do prazo limite, que é 4 de maio para galera de 16 e 17 anos tirar seu título de eleitor, vem aumentando consideravelmente a quantidade de jovens com o título de eleitor. Nós não podemos deixar em qualquer eleição, que a quantidade de jovens, que têm título de eleitor seja baixa”, destacou.
“Não podemos deixar uma eleição como essa, em que a gente tem a tarefa fundamental de defender a democracia, garantir a democracia e derrotar o Bolsonaro, que os jovens fiquem sem seu título de eleitor. 73% da juventude reprova o governo Bolsonaro. E é importante que essa reprovação se manifeste nas urnas, com o voto da juventude, a gente consegue garantir a derrota do governo Bolsonaro, e é muito importante que todo mundo incentive o alistamento eleitoral, que os pais incentivem seus filhos a fazerem o título, mais a sociedade como um todo incentive também os jovens de 16 e 17 anos a tirarem seu título de eleitor, é uma tarefa de toda a sociedade e a gente vai conseguir sair vitorioso desta campanha!”, disse Lucca.
NÚMERO É O MENOR DESDE 2004
Ainda, apesar dos esforços do TSE e das diversas campanhas com personalidades no país, o engajamento de jovens no processo eleitoral ainda vive uma baixa histórica.
Apenas 17,32% da população de 16 a 17 anos estão aptos a votar em 2022. O número é o menor registrado para março desde 2004, quando os levantamentos do TSE passaram a ser mensais.
A menos de um mês da data-limite para regularização do título, prazo que vence no dia 4 de maio, mais de 5 milhões de jovens de 16 e 17 anos não têm o documento.
Em 1992, três décadas atrás, o TSE contabilizava 3,2 milhões de eleitores de 16 e 17 anos, mais do que o triplo de hoje. Àquela época, porém, a base da pirâmide etária brasileira era mais larga, ou seja, o número de jovens no país era maior do que hoje.
O recorde negativo atual, contudo, permanece mesmo quando se consideram números proporcionais. Em março de 2004, havia 2,66 milhões de eleitores de 16 e 17 anos para uma população de 7,17 milhões nessa faixa etária, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Àquela época, portanto, a taxa de engajamento dos menores de idade no processo eleitoral era de 37,09%, ou seja, pelo menos um em cada três jovens de 16 e 17 anos estava com título. Hoje, dez eleições depois, a proporção caiu para 17,32%, o que significa menos de um documento emitido para cada cinco adolescentes.
A pandemia, segundo o TSE, também atrapalhou a mobilização. O projeto Eleitor do Futuro, que leva palestras e outras atividades de participação política às escolas, acabou suspenso devido à crise sanitária e ainda não foi retomado.