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Economistas e especialistas do setor financeiro afirmaram neste sábado (18) que o aumento da alíquota do imposto sobre operações financeiras (IOF) afetará o já prejudicado financiamento.
Na última sexta-feira (17), Bolsonaro, em um canetaço, aumentou o imposto sobre as operações financeiras (IOF), prejudicando ainda mais a vida das famílias e empresas que precisam de crédito e travando novos investimentos.
Acossado por 53% de rejeição – pior índice do mandato – segundo a pesquisa Datafolha, Bolsonaro divulgou que vai ampliar a cobertura do Auxílio Brasil, antigo Bolsa Família. Os custos da ampliação do programa serão bancados com o aumento do imposto, que começa a valer a partir da próxima segunda-feira (20) até 31 de dezembro deste ano.
“DESPIU UM SANTO PARA COBRIR OUTRO”
Na avaliação da LCA Consultores, “de um lado, com o Auxílio Brasil, o governo aumentará a renda de uma faixa da população que tem uma elevada propensão ao consumo”.
“Por outro lado, o crédito fica mais caro para as famílias adquirir bens de consumo. Para a empresa haverá um aumento de sua despesa financeira nos empréstimos para financiar suas necessidades de capital de giro, ou seja, maior custo” disse a consultoria ao Valor.
“Isso significa um custo operacional para uma empresa que tem de tomar crédito para o capital de giro ou fazer uma antecipação de recebíveis. E para uma pessoa física financiar um bem”, destacou o economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Nicola Tingas, que avalia que no conjunto da economia mediada terá um impacto inflacionário.
As novas alíquotas diárias do IOF para pessoas físicas subirão dos atuais 3,0% para 4,08% e nas operações feitas por empresas passarão de 1,5% anual para 2,04% anual. O governo espera arrecadar R$ 2,14 bilhões com o aumento na alíquota do IOF.
A analista do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (Cedeplar/UFMG), Débora Freire, alerta que o aumento da alíquota do Imposto para custear o Auxílio Brasil pesará mais para as famílias pobres, que são alvo do próprio programa.
“O IOF é um tributo indireto [e aumentar] é ruim para a economia porque, da forma como foi feito, encarece o crédito e aumenta o custo de endividamento tanto para pessoa física quanto para jurídica”, afirmou a economista também ao Valor.
“Estamos saindo de uma pandemia em que empresas e famílias estão muito endividadas e adotamos uma medida para endividá-las ainda mais. Será mais um custo para elas lidarem, em um cenário de inflação alta corroendo a renda e desemprego elevado, que contribui para diminuir a renda das famílias”.
“O governo quer lançar um programa de transferência de renda maior que o Bolsa Família e para isso está tirando das famílias. O custo é maior para famílias mais pobres porque é um imposto indireto e tem um efeito regressivo importante”.
“Usar essa medida para custear um programa social onerando os mais pobres é contraproducente”, destacou Freire.
Os analistas do grupo financeiro multinacional Goldman Sachs, Tito Labarta, Tiago Binsfeld e Beatriz Abreu, também criticam a manobra eleitoreira de Bolsonaro.
“Esse aumento temporário deve aumentar marginalmente o custo das operações de crédito, câmbio e negociação de títulos, o que pode prejudicar a demanda por estes serviços financeiros”, escreveram eles em um relatório.