“Ataque químico” de bandeira trocada é o repetido e já desmentido e desmoralizado pretexto para bombardear novamente a Síria cujas forças avançam sobre Idlib, último reduto dos terroristas no país
No dia 21, o departamento de Estado dos Estados Unidos expediu um comunicado afirmando que Washington “vê sinais” de que a Síria “pode” ter usado “gás clorado” em Idlib .
Apesar destas vagas suposições e “sinais” e de dizerem que “ainda estão colhendo informações sobre o incidente”, os EUA já ameaçam novamente que “se isto for confirmado” haverá uma “resposta rápida e apropriada”. Traduzindo: bombardeio com mísseis para apoiar os terroristas sob cerco e avanço militar sírio em Idlib. Sob o mesmo pretexto, um suposto ataque químico em Douma, os EUA bombardearam a Síria com 103 mísseis Tomahawk (71 dos quais abatidos pela defesa síria) em 13 de abril do ano passado.
A declaração não vem por acaso. Idlib, ao norte da Síria, atacada em 2011, é o último Estado ainda parcialmente ocupado pelos terroristas que foram derrotados ao longo de todo o país. Para minimizar derramamento de sangue, quando os terroristas eram derrotados, particularmente em Alepo e Dir Ezzor, o acordo de rendição lhes permitia a retirada a Idlib, província mais ao norte do país.
RETOMADA E VITÓRIA SOBRE O TERRORISMO
Com a retomada de todo o país das mãos dos mercenários invasores e a vitória na guerra programada do exterior (2011-2017), vitória declarada pelo governo sírio ao final de 2017, aprofundaram-se negociações inclusive com a participação do que restou desses bandos armadas (treinados e financiados pelos EUA, com apoio francês e inglês, além das monarquias mais retrógradas do planeta, e do usurpador Israel).
Sobre a vitória da Síria à agressão orquestrada pelos Estados Unidos, destacamos as matérias dos links: https://horadopovo.org.br/putin-anuncia-retirada-de-tropas-e-siria-declara-vitoria-sobre-terrorismo/
e https://horadopovo.org.br/assad-a-siria-esta-vencendo-os-terroristas-financiados-pelos-eua/
As negociações realizadas na cidade russa de Sochi, no início de 2018, com representantes do governo sírio, e de delegações de todas as forças polícias e étnicas do país – mais de 1.500 delegados – sob a mediação da Rússia, Turquia e Irã, deram aos mercenários a oportunidade de rendição com anistia. Muitos o fizeram.
Agora mais de ano após o que foi denominado “Grande Diálogo Sírio”, o que levou a integração de um vasto leque de setores do país à vida normal social e política, os que restam como paramilitares e teimam em ocupar terra síria, negam-se a qualquer avanço nas negociações e passaram a romper os acordos de cessar-fogo nos últimos meses. É assim que, desde o início abril, estão sendo rebatidos e expulsos das aldeias e cidades que ali ocupam pela ação militar síria.
O anúncio de aldeias liberadas vai se dando a cada semana. No dia 14 de maio, a aldeia de Kfar Nebouleh, interior do Estado de Idlib, foi a mais recente a ficar livre do terror. Dias antes foi a vez da cidade de Bdama, no mesmo Estado.
Segundo Washington, o ataque a gás clorado teria se verificado em 19 de maio.
ENCENAÇÃO DE ATAQUE INEXISTENTE
Acontece que, desde o dia 30 de março, o Ministério da Defesa da Rússia denuncia ação de serviços secretos da França e da Bélgica apoiando o preparo de uma encenação de supostos ataques químicos por parte do governo de Damasco. Segundo a denúncia, os detalhes minuciosos, foram obtidos por informantes locais e rastreamento por satélite.
“Para organizar provocações, representantes dos serviços secretos da França e da Bélgica chegaram a Idlib. Sob sua supervisão, um encontro foi realizado com os comandantes de campo dos grupos terroristas Hayat Tahrir al-Sham e Hurrath Al-Din, assim como representantes da organização pseudo-humanitária, ‘Capacetes Brancos’ (White Helmets)”, denunciou o chefe do Centro de Reconciliação da Síria, representante do Ministério da Defesa Russa no país, major-general Viktor Kupchishin.
No encontro, os participantes discutiram a organização de tomadas filmadas ensaiadas, para gerar denúncias falsas à Rússia e à Síria pelo uso de armas químicas contra civis. “Para a participação nos filmes cada pessoa recebe 100 dólares”, acrescentou Kupchishin.
“No dia 23 de março, sob supervisão de elementos da inteligência francesa, cápsulas produzidas de tal forma a parecerem que estariam originalmente acoplados a pequenos bujões de gás, mas contendo um gás venenoso, supostamente com cloro gasoso, foram transportados de Sarakeb, para Maaret Horma e Kafr Zaita, a nordeste da província de Idlib”, acrescentou o major-general.
Kupchishin destacou ainda que “é possível que os organizadores usem substâncias realmente tóxicas com a finalidade de se alcançar ‘autenticidade’ para as fotos e materiais em vídeo”.
“Famílias locais ou de refugiados detidas como reféns nas mãos do bando Jabhat al-Nusra podem se tornar vítimas desse crime”, prossegue.
“De 14 a 27 de março de 2019, integrantes dos serviços secretos belgas filmaram ações da aviação russa contra instalações dos terroristas – depósitos ou posições – para depois apesentarem os filmes como ‘evidência’ do uso das armas químicas” finalizou o militar russo.
NATHANIEL BRAIA