O governo do Paraná anunciou que vai assinar nesta quarta-feira, 12, um acordo com Rússia para produzir a vacina Sputnik V. O convênio prevê o compartilhamento do protocolo russo com a Anvisa para que a agência possa liberar a realização de testes, produção em território nacional e distribuição das doses.
O acordo de cooperação técnica vem sendo desenhado desde o final de julho, segundo o governo do Paraná, e foi tratado em uma reunião, em Brasília, entre o chefe da Casa Civil, Guto Silva, e o embaixador da Rússia no Brasil, Sergey Akopov.
O Convênio deverá ser assinado pelo governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), e pelo embaixador da Rússia, Sergey Akopov, na quarta-feira (12), e precisará da liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para realização dos procedimentos necessários para os testes.
O Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) será responsável por todas as etapas, desde a pesquisa até a distribuição das doses da vacina russa que não comece antes do segundo semestre do ano que vem.
Segundo o governo do Paraná, o passo seguinte à assinatura do acordo é o compartilhamento do protocolo russo com a Anvisa, para que a agência brasileira libere a realização dos procedimentos necessários para os testes.
Ainda de acordo com o governo paranaense, a pesquisa vai avançar conforme o compartilhamento as informações. “Antes da liberação, não há possibilidade de colocar nada em prática. Reitero que a prudência e a segurança são palavras-chave nesse processo”, declarou o presidente do Tecpar, Jorge Callado,
“É importante essa assinatura para que essa condição de troca de informações comece”, afirmou Callado. “Cada passo no seu momento adequado, não podemos queimar etapas.”
Ao anunciar a parceria com a Rússia, o presidente do Tecpar disse estar otimista com a possibilidade de ter resultados positivos com a imunização.
“É um laboratório de referência em termos internacionais. Após esse ajuste com o governo da Rússia, as tratativas tecnológicas e científicas começam. É importante nos pautarmos com prudência, segurança e transparência dentro desse processo”, afirmou Jorge Callado.
“É algo muito preliminar. Não existe compromisso de produção firmado enquanto as etapas não forem validadas, não forem consolidadas e não forem liberadas pela Anvisa. É um começo de um intercâmbio de informações. Nós avançaremos se tivermos informações necessárias para tanto. Caso contrário, não”, pontuou o presidente do Tecpar.
SPUTNIK V
Os testes clínicos começaram na Universidade Sechenov, em Moscou, no dia 18 de junho. A segurança da vacina foi confirmada em 38 voluntários. Todos os que testaram a vacina desenvolveram imunidade ao vírus.
Sobre a terceira fase e mais ampla de testes, o governo russo garante que a Sputnik V continuará passando por testes clínicos com a participação de milhares de pessoas juntamente com modernos sistemas de acompanhamento digital dos efeitos das aplicações nestes voluntários.
“Os documentos estão sendo preparados para a continuação dos testes clínicos com a participação de alguns milhares de pessoas. Para monitoramento operacional da saúde dos vacinados e controle da eficácia e segurança, o Ministério da Saúde da Rússia está criando um circuito digital, que vai permitir monitorar a segurança e a qualidade da vacina em todas as fases”, afirmou o ministro da Saúde da Russia, Mikhail Murashko.
A vacina russa tem dois componentes injetados separadamente que, em conjunto, produzem uma imunidade a longo prazo contra o vírus.
As partículas do coronavírus na vacina da COVID-19 não podem prejudicar o organismo, disse Aleksandr Gintsburg, diretor do Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya. Segundo o cientista, a substância usa partículas inanimadas criadas com base no adenovírus.
“Vivas são as partículas e os objetos que podem se auto-reproduzir. Estas partículas não se podem reproduzir”, explicou ele à emissora Rossiya 24. “Como tal, não há razão para temer que a vacina possa prejudicar a saúde”, concluiu o médico.
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