Órgão de defesa reconhece edição em vídeo compartilhado por senador para prejudicar a imagem do ex-presidente Lula, mas se omite
A PGE (Procuradoria-Geral Eleitoral) comunicou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que vídeo postado pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode ser enquadrado como fake news, mas não defendeu a aplicação de punição ao parlamentar por entender que a publicação foi feita “fora do contexto eleitoral”.
O presidente da República está em campanha eleitoral desde que tomou posse, em 1º de janeiro de 2019. Nunca desceu do palanque e agora está em campanha ostensiva.
Na postagem do senador, que é filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), há vídeo de discurso de Lula proferido em agosto de 2021 na Bahia, que foi editado para dar a entender que o petista faz a seguinte declaração: “Eu estou falando com o demônio e o demônio está tomando conta de mim”. Isto é fake.
ISTO É FATO
Na verdade, ele disse: “E nas redes sociais do bolsonarismo eles tão dizendo que eu tenho relação com o demônio, que eu estou falando com o demônio e o demônio estava tomando conta de mim”.
Na publicação, que já foi apagada das redes sociais de Flávio, o parlamentar pedia que os seguidores dele marcassem líderes religiosos.
O PT formalizou representação contra Flávio e Romulo Quintino (PSC), vereador bolsonarista de Cascavel (PR), que compartilhou a publicação. O partido pediu que eles fossem punidos e indenizassem Lula, que deve disputar as eleições de outubro na tentativa de retornar à Presidência da República.
COMETEU CRIME, MAS…
A PGE concordou que a gravação foi editada para prejudicar a imagem do petista, com a retirada de “trecho essencial que desfigurou seu sentido original”. No entanto, o órgão não defendeu nenhuma forma de punição.
“Produzir ou reproduzir fake news não será sempre necessariamente assunto da competência da Justiça Eleitoral. Para que assim seja, há de estar presente ou o conteúdo eleitoral ou o ataque à integridade do processo eleitoral”, está escrito em parecer assinado pelo procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet, subordinado ao procurador-geral da República, Augusto Aras.
TERGIVERSAÇÃO
Em defesa apresentada ao TSE, Flavio escreveu que a postagem seria apenas crítica à posição de Lula e ressalta a distância entre a postagem do vídeo, que foi publicado em janeiro, e as eleições de 2022.
A relatoria do processo é de responsabilidade da ministra substituta do tribunal, Maria Cláudia Bucchianeri.