O senador Otto Alencar, presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, declarou que o Projeto de Lei 591, que autoriza a privatização dos Correios, não será pautado em plenário este ano.
“Não vai mais para o plenário este ano. Eu não vou botar para votar na CAE. Fica só para o ano que vem, se é que vai ter condições. O que chama atenção: o valor de venda dos Correios é quase o lucro anual da empresa. Eles [governo] ficam alegando que esse valor baixo se deve ao passivo trabalhista da empresa, mas sem demonstrar esse passivo. É preciso que eles mostrem esse passivo”, afirmou o senador ao jornal Valor.
A declaração foi comemorada pela FINDECT (Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores dos Correios): “Vencemos uma batalha, mas temos que ir em frente, trincheira a trincheira”, afirma a entidade. Nas últimas semanas, os diretores Wilson Araújo, Telma Milhomem e Douglas Melo visitaram os gabinetes de vários senadores expondo aos parlamentares as consequências da privatização dos Correios, tanto para os trabalhadores como para a população brasileira. Para os dirigentes, a decisão “já é uma vitória”, e dá um fôlego “na luta contra o desmonte dos Correios”.
A proposta, encaminhada ao Congresso Nacional pelo governo em fevereiro deste ano, é vender 100% da estatal. O projeto, que autoriza ainda a exploração de todos os serviços postais pela iniciativa privada, vem sofrendo forte resistência entre os trabalhadores e no próprio parlamento.
O PL foi aprovado na Câmara dos Deputados e encontra-se em análise no CAE. Para o senador, o PL tem muitas fragilidades e não tem como ser votado a toque caixa este ano.
Segundo a FINDECT, todas essas ações “fortalecem cada vez mais a defesa da nossa empresa pública, porém é preciso continuar o engajamento e a cada dia envolver mais trabalhadores nessa luta contra a privatização e o desmonte dos Correios”.
“Os Correios são essenciais para o povo, sabemos que a iniciativa privada visará o lucro, aumentará tarifas, desvalorizará mão de obra e terceirizará ainda mais os serviços. Hoje os Correios praticam o subsídio cruzado, ferramenta essencial que permite às populações mais vulneráveis o acesso à comunicação e aos serviços postais. Com a privatização, isso deve cair terra abaixo e causar um apagão postal”, afirmam os diretores da entidade nas reuniões que vêm tendo diariamente com diversos senadores.