A Polícia Civil de São Paulo entregou um dossiê com informações sobre organizadores e financiadores de atos golpistas ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O documento, que tem 168 páginas, aponta chaves PIX que estão sendo usadas para receber doações em dinheiro, além de grupos nas redes sociais e lideranças que organizam as manifestações.
Um grupo no Telegram chamado “Resistência Civil” tem mais de 1.400 membros no qual as lideranças enviam mensagens pedindo doações. Essa comunidade foi identificada durante “ações de coleta de dados em fontes abertas e redes sociais com o objetivo de identificar financiadores de atos antidemocráticos no entorno de instalações militares do Exército”.
A chave PIX indicada para as doações é da empresa Goiás Entretenimento, cujo CNPJ também foi identificado pela Polícia Civil.
Um site desse grupo Resistência Civil e do movimento Brasil Nas Ruas é ligado a Leandro Muniz Ribeiro, “político conhecido como Leandro Fox, ligado ao partido Democracia Cristã”, que foi candidato a deputado estadual.
O dossiê aponta a participação de vereadores e ex-vereadores nos atos golpistas. É o caso da ex-vereadora de Presidente Venceslau, Lucimara da Silva Dias, que “discursou nos atos em frente ao Tiro de Guerra do município e esteve presente nos demais atos, participando ativamente e convocando seguidores em redes sociais”.
Em Osvaldo Cruz, a Polícia abriu um inquérito contra o vereador Luiz Ricardo Spada Bonfim por incitação ao crime, apologia de criminoso e associação criminosa devido à sua participação nos atos que pedem um golpe de estado.
Em Santa Cruz do Rio Pardo, um manifestante chamado Gustavo Henrique Nagel de Camargo foi preso em flagrante por porte ilegal de arma no bloqueio da Rodovia SP-225. Gustavo Henrique tem registro CAC e também carregava 12 pneus de caminhão na caçamba de seu carro. Outro militante bolsonarista foi preso com 12 litros de gasolina guardados no interior do carro.
O documento lista uma série de pessoas que foram flagradas “em vídeos de diversas mídias sociais, insuflando os atos antidemocráticos desde o ínicio dos mesmos, providenciando ainda suporte para as pessoas que participaram dos atos”.
As Polícias Civil e Militar de outros Estados, assim como a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), fizeram levantamentos sobre os atos e enviaram os relatórios para o STF.
Na quinta-feira (17), o ministro Alexandre de Moraes determinou o bloqueio das contas bancárias de 43 pessoas e empresas que estão financiando os atos golpistas.