Mobilizados para pressionar o governo pela reestruturação de carreira e reposição das perdas salariais, os policiais rodoviários federais vão promover uma “marcha nacional”, marcada para 1º de junho, em Brasília (DF).
A marcha foi aprovada em assembleia promovida pela Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF), e faz parte da ampla mobilização que atinge todos os servidores da segurança pública no país, que se sentem “traídos” por Bolsonaro.
Conforme informou o presidente da entidade, Dovercino Neto, a marcha visa unir a categoria em todo o Brasil em torno das reivindicações, e expor o descontentamento dos policiais com Bolsonaro, que voltou atrás na promessa de reajuste à categoria.
Após a marcha, os servidores da PRF vão acampar na capital federal. Segundo a entidade, a categoria vai continuar se reunindo nos próximos dias e não descarta a possibilidade de adotar a operação-padrão no serviço.
A assembleia aprovou também “a promoção de um Dia Nacional de Segurança Viária, a ser desenvolvido por toda a categoria, nas rodovias de todo o país, no próximo dia 12/05, um ato nacional nos estados, em frente às superintendências regionais, no dia 19/05; e uma mobilização em massa dos servidores por meio de comentários nas redes sociais do presidente Jair Bolsonaro.
De acordo com a Federação, “o sistema sindical dos Policiais Rodoviários Federais também dará apoio amplo e irrestrito para todos aqueles que, se sentindo inconformados com a atual situação, decidam entregar o cargo de chefia que ocupam atualmente”.
“Os sucessivos atos de desrespeito e desvalorização cometidos por um governo que, para promoção político-ideológica, se utiliza dos números e do trabalho de excelência realizado por cada PRF, com o risco da própria vida, em benefício da sociedade, no estrito cumprimento do seu dever funcional, não são tolerados ou aceitos pela categoria, conforme ratificado na assembleia desta semana”, afirma a FenaPRF.
Em dezembro, quando da aprovação do Orçamento da União para 2022, Bolsonaro havia prometido a reestruturação das carreiras policiais e o atendimento da reivindicação do setor de um reajuste salarial entre 16% e 20% para recompor as perdas inflacionárias dos últimos anos, mas, agora, o governo tem sinalizado que a promessa não será cumprida, e que haverá reajuste de apenas 5% para todos os servidores federais, proposta que vem sendo rechaçada por todas as carreiras, uma vez que o índice não repõe a inflação nem do último ano.
DELEGADOS
Os delegados da Polícia Federal também decidiram iniciar um movimento de paralisações parciais e progressivas e entrega de cargos e recusas para assumir novos postos em todo o país, em protesto pelo descumprimento das promessas feitas por Bolsonaro de reestruturação da carreira e reajuste salarial.
Entre as pautas aprovadas na assembleia geral da categoria, na quarta-feira (4), os delegados também pedem que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, que é delegado federal, renuncie.
“Pelo desprestígio e desrespeitoso tratamento dado pelo presidente da República à Polícia Federal e ao próprio ministro”, ele será pressionado a renunciar, aponta a Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF).
“A ADPF reforça a gravidade do momento e do posicionamento do presidente da República, que, depois de se comprometer publicamente e já com orçamento reservado para a reestruturação das carreiras, decidiu não honrar com a própria palavra, gerando um clima de revolta e insatisfação generalizada nunca antes visto entre os servidores da PF”, afirma nota da ADPF.
A nota salienta ainda o uso político e eleitoreiro da segurança pública e das forças policiais feito por Bolsonaro.
“É importante destacar que a segurança pública foi a maior bandeira de campanha do governo Bolsonaro, e o destacado trabalho das forças de segurança vem sendo utilizado, indevidamente, pelo presidente como instrumento de marketing para a sua reeleição. Os policiais federais merecem respeito. Investir em Segurança Pública é investir em seu principal ativo: o policial”, diz a nota.