Segundo Paulo Skaf, da Fiesp, já se aproxima de 400 o número de entidades que aderiram à condenação às intenções golpistas de Bolsonaro
Pressões do Planalto para que as entidades empresariais adiassem a divulgação do manifesto contra as insanidades de Bolsonaro e suas ameaças à democracia para depois do Sete de Setembro não tiveram o efeito desejado. Apesar da Febraban e Fiesp terem adiado a publicação do documento, o número de adeptos cresceu rapidamente e, segundo Paulo Skaf, presidente da Fiesp, já pode chegar a 400 o número das entidades que estão se somando ao protesto dos empresários.
A intenção do Planalto era tentar impedir que a população tomasse conhecimento das críticas duras que o documento liderado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), antes do Sete de Setembro, data em que Bolsonaro pretende provocar tumultos nas ruas de São Paulo e Brasília. Mesmo que consigam adiar o anúncio oficial do documento, o fato é que ele já é público.
“Em um dia, tivemos 200 adesões. Resolvemos alongar prazo para adesões. Acho que atingiremos 400 grandes importantes entidades de todos os setores da sociedade civil”, previu Skaf.
Segundo dirigentes de entidades, além da Febraban e da Fiesp, Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), Instituto Brasileiro da Árvore (Ibá, da indústria de celulose e papel), Abinee (indústria elétrica e eletrônica), Fenabrave (distribuição de veículos), Fecomércio, Alshop (lojistas de Shopping), Sociedade Rural Brasileira e o IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo) vão assinar o manifesto. Ao todo, mais de 300 associações empresariais já assinaram o documento e, segundo Skaf, esse número já se aproxima de 400. Veja o manifesto abaixo.
ENTIDADES DO AGRONEGÓCIO DISCORDAM DO ADIAMENTO E SE MANIFESTAM EM DEFESA DA DEMOCRACIA
Sete entidades do Agronegócio, signatárias do protesto dos empresários contra Bolsonaro, não concordaram com o adiamento da divulgação do manifesto que estava previsto para ser publicado nos jornais na terça-feira (31), tornando público o conteúdo do documento. “Em nome de nossos setores, cumprimos o dever de nos juntar a muitas outras vozes responsáveis, em chamamento a que nossas lideranças se mostram à altura do Brasil e de sua História”, diz a carta.
“Somos uma das maiores economias do planeta, um dos países mais importantes do mundo, sob qualquer aspecto, e não podemos nos apresentar à comunidade das Nações como uma sociedade permanentemente tensionada em crises intermináveis ou em risco de retrocessos e rupturas institucionais. O Brasil é muito maior e melhor do que a imagem que temos projetado ao mundo. Isto está nos custando caro e levará tempo para reverter”, diz a nota.
Assinam o documento a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo), a Associação Brasileira de Produtores de Óleo de Palma (Abrapalma), a CropLife Brasil, a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) e o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg).
”A praça é dos três poderes”
A Praça dos Três Poderes encarna a representação arquitetônica da independência e harmonia entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, essência da República. Esse espaço foi construído formando um triângulo equilátero, cujos vértices são os edifícios-sedes de cada um dos poderes.
Esta disposição deixa claro que nenhum dos prédios é superior em importância, nenhum invade o limite dos outros, um não pode prescindir dos demais. Em resumo, a harmonia tem de ser a regra entre eles.
Este princípio está presente de forma clara na Constituição Federal, pilar do ordenamento jurídico do país. Diante disso, é primordial que todos os ocupantes de cargos relevantes da República sigam o que a Constituição nos impõe.
As entidades da sociedade civil que assinam este manifesto veem com grande preocupação a escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas. O momento exige de todos serenidade, diálogo, pacificação política, estabilidade institucional e, sobretudo, foco em ações e medidas urgentes e necessárias para que o Brasil supere a pandemia, volte a crescer, a gerar empregos e assim possa reduzir as carências sociais que atingem amplos segmentos da população.
Mais do que nunca, o momento exige do Legislativo, do Executivo e do Judiciário aproximação e cooperação. Que cada um atue com responsabilidade nos limites de sua competência, obedecidos os preceitos estabelecidos em nossa Carta Magna. Esse é o anseio da Nação brasileira.”
Até agora mais de 300 entidades empresariais assinam este manifesto