Os servidores públicos estão desde o final do ano passado pressionando o governo Bolsonaro para ter garantida a reposição salarial das perdas acumuladas desde 2019, que já chegam a cerca de 20%.
Sem dar nenhuma resposta efetiva, ou mesmo dialogar com o funcionalismo, o governo federal tem divulgado que trabalha com “algumas possibilidades” para tentar abafar a pressão em ano eleitoral, porém, sem atender efetivamente nenhuma reivindicação do funcionalismo.
O governo Bolsonaro, que havia acenado em conceder o reajuste apenas para os servidores da segurança pública para tentar fortalecer sua influência, visando o pleito eleitoral que se aproxima, até agora não concedeu para nenhuma categoria. O reajuste conta com oposição ferrenha também de Paulo Guedes que tenta emplacar o discurso de que se “houver reajuste o país quebra”.
Para tentar ludibriar a categoria, a primeira possibilidade apresentada pelo governo é a de utilizar os recursos reservados no Orçamento deste ano, de R$ 1,7 bilhão – em tese reservados para a reestruturação da carreira dos policiais federais – para distribuir um auxílio alimentação de R$ 400 para todos os servidores ativos. O benefício, porém, por não ser uma verba de caráter remuneratório, não pode ser contada para fins previdenciários e por essa razão encontra resistência, além de não repor as perdas e não contemplar aposentados e pensionistas.
A ideia de conceder auxílio-alimentação e não reajuste salarial foi rejeitada pelo presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), Rudinei Marques. Para ele, “temos que recompor as perdas inflacionárias, ao menos em parte, que já passam de 28% desde o último aumento”, afirma.
A segunda é usar esse mesmo montante para, em partes, dar o reajuste aos policiais e para incluir os servidores da Receita Federal e os do Banco Central, que estão mobilizados com greve, atos e operação-padrão. O pessoal da segurança pública ficaria com cerca de R$ R$ 1,3 bilhão e o restante seria dividido entre os auditores (cerca de R$ 200 milhões) e o pessoal do BC (cerca de R$ 250 milhões), cuja greve, iniciada no início do mês, está prejudicando a divulgação de vários indicadores da autoridade monetária.
A terceira e última alternativa seria um reajuste linear de 4% a 5% para todos os servidores, o que também ficaria muito longe de repor as perdas da inflação, inclusive do último ano que chegou a 10,06% – a maior desde 2015 de acordo como IBGE.
Contra a enrolação ou promessa vazia, a mobilização dos servidores segue ganhando força em diversas categorias. Além do Banco Central, em greve por tempo indeterminado desde o dia 1º, estão paralisados os servidores do Tesouro Nacional, da Receita Federal, da Secretaria do Orçamento Federal, da Controladoria-Geral da União (CGU), da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), da Superintendência de Seguros Privados (Susep), os analistas de comércio exterior e os auditores fiscais.