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Em discurso no Dia do Conhecimento (1° de setembro, dia de regresso às aulas na Rússia), o presidente Vladimir Putin ressaltou a importância de conhecer a história do país, o heroísmo de toda uma geração na defesa da pátria contra a invasão nazista, principalmente para a juventude e da importância de se preservar a paz.
O presidente russo ressaltou em Aula Aberta para alunos das escolas na Rússia a importância da participação dos jovens nos anos da Segunda Guerra (1941-1945), quando a União Soviética foi atacada pela Alemanha de Hitler e seus aliados. Ele também condenou as falsificações da história.
“Alguns acharam que, depois da Guerra Fria, saíram vitoriosos, se sentiram excepcionais, acham que é possível e necessário mudar a ordem que surgiu depois da Segunda Guerra […] e reescrever a história”, afirmou Putin.
“Se nós, como pensam alguns hoje, tivéssemos entregado nossas cidades e povoados sem luta, supostamente poupando a vida de nossos soldados, no fim das contas teríamos perdido essa guerra. Isso teria levado à destruição total de praticamente todos os povos da ex-União Soviética e da atual Federação da Rússia – é esse o preço e o valor da Vitória, alcançada por nossos antepassados”, afirmou.
O presidente acentuou que todos os que tentam reescrever a história, os fatos ocorridos durante a guerra, colaboram na atualidade com os inimigos do passado.
“Essas pessoas que durante a guerra colaboram com o inimigo – elas, como é sabido, são sempre e em todos os lugares chamadas de colaboracionistas. Mas aqueles que hoje concordam com os que reescrevem a história podem também perfeitamente ser chamados de colaboracionistas dos dias de hoje”, disse.
Neste ano, em memória aos 75 anos da Vitória na Grande Guerra pela Pátria, como é chamada a Segunda Guerra na Rússia, as escolas relembraram a vitória do povo soviético durante o conflito.
Depois da sua fala, Putin participou de um debate com estudantes de varias regiões do país.
Segue o pronunciamento de Putin:
Boa tarde a todos que nos veem e nos ouvem!
Em primeiro lugar, parabenizo sinceramente a todos os estudantes que estão iniciando o ano letivo, parabenizo-os pelo início deste novo ano letivo e, claro, lhes desejo sinceramente muito sucesso. Para quem antes de tudo? Aos alunos da primeira série. Aqueles que hoje cruzam o limiar da escola pela primeira vez.
Sem dúvida, as melhores palavras para seus familiares: mães, pais, avôs, avós – em geral para todos os seus entes queridos que estão junto com vocês, que se preocupam por vocês, que acreditam em vocês.
O dia 1º de setembro é sempre uma festa especial, com uma emoção presente apenas neste dia, quando impacientemente você espera o encontro com seus colegas de classe, com seus amados professores, com quem você deve atingir novos conhecimentos, pensar junto e sonhar sobre o futuro. Essas emoções estão ainda mais agudas este ano.
Eu acho que precisamente neste ano elas estão mais agudas porque nos meses de primavera todos vocês sentiram o quanto, em todo caso, muitos de vocês, a maioria, espero, sentiram o quanto sentem falta da escola, da habitual, e não só a do ensino à distância. Agora a escola e todo o sistema de ensino estão voltando ao seu trabalho costumeiro: às chamadas e trocas de aulas, à comunicação viva e direta dos alunos entre si e dos professores com os estudantes. E esse retorno, claro, é um grande acontecimento e uma grande alegria para todos.
Algumas restrições, entretanto, ainda permanecerão, quero falar sobre isso especialmente, quero pedir-lhes que observem essas restrições. Isso é necessário para proteger a sua saúde e a saúde de quem está perto de vocês, como eu já disse: de seus avós, de seus pais, tanto na escola como em casa.
Caros amigos!
Vocês crescem, amadurecem, tudo isso acontece em um mundo que muda com muita rapidez, onde se desenvolvem impetuosamente tecnologias que impactam as mais diversas áreas de nossas vidas, onde novos avanços científicos possibilitam fazer hoje o que ontem parecia uma fantasia absoluta. E, o que é muito importante, o ritmo dessas mudanças (nisso está a característica dos dias de hoje) é enorme, e ele só vai aumentar, e o mundo que agora já não é simples, se tornará cada vez mais complexo. Seguramente, ninguém pode dizer hoje com 100% de certeza quais matérias serão estudadas no ensino médio pelos atuais alunos da primeira série, a quem parabenizamos no início, quais habilidades e especialidades serão mais solicitadas nos anos 30 de nosso século.
Vocês, assim como os adultos que estão junto com vocês, nós todos estamos percorrendo um caminho absolutamente inexplorado. Por sinal, provavelmente sempre foi assim, mas, repito, o ritmo dessas mudanças está crescendo. Mas não importa o quão rápido seja o ritmo das mudanças, há coisas que permanecerão fundamentais, inabaláveis. E tenho certeza de que elas serão uma base moral sólida para vocês, um guia confiável que sempre os ajudará a encontrar o caminho certo na vida.
E quais são? Em primeiro lugar a nossa história, a história do nosso país, o respeito por ela. Nossa cultura, que deu a nós e a toda a humanidade uma plêiade de nomes brilhantes, um enorme número de obras-primas. Finalmente, nossas tradições. E, claro, nossa memória comum que nos conecta inextricavelmente com nossos ancestrais, com muitas gerações de pessoas, nossos parentes, que viveram, estudaram, criaram famílias, sonharam, assim como vocês fazem hoje, e construíram. E defenderam tudo isto. E tudo isto é a nossa Pátria.
Este ano estamos comemorando os 75 anos da Vitória na Grande Guerra Patriótica, a Grande Vitória. Vocês ainda são muito jovens, mas tenho certeza de que para vocês a Grande Guerra Patriótica, a vitória nela, não são apenas páginas de um livro didático, mas uma parte importante não só de nossa história comum, da história do país, mas também da história da sua família.
São relatos de seus avôs e avós sobre si mesmos, sobre seus parentes, sobre os seus pais, sobre os avós deles. Cartas, fotografias, condecorações, cuidadosamente guardadas em casa, ainda são preservadas em muitas famílias.
Os heróis mais próximos e amados estão em quase todas as famílias e, em quase todas as cidades, vilas e assentamentos russos existem memoriais de guerra, aos quais as pessoas vão para reverenciar, prestar homenagem àqueles que lutaram heroicamente pela Pátria.
Parte inseparável do nosso código nacional, algo sem o qual é impossível imaginar uma pessoa que vive em nosso país, são livros profundos sobre a guerra, poemas, muitos deles de autoria de veteranos de guerra, filmes sobre a Grande Guerra Patriótica que tocam direto o coração, canções, que sempre soam como um chamado à alma, e, acho, tudo isso também é conhecido por vocês.
Todos nós honramos nossos heróis, os admiramos, nos curvamos diante de sua coragem e perseverança, e quanto mais aprendemos, mais profundamente entendemos: não há experiência mais difícil e trágica do que a guerra. Ela tenta tirar o futuro, corta sonhos e quebra destinos, não poupa ninguém.
Com quase a mesma idade dos alunos do ensino médio de hoje, eles iam para o front ou para destacamentos guerrilheiros. Muitos deles simplesmente aumentavam a própria idade para se integrarem mais rápido à luta contra o inimigo. Adolescentes, mesmo crianças, sem qualquer desconto na idade, trabalhavam nas fábricas e nas fábricas transferidas para a retaguarda, porque sabiam que além deles e de suas mães simplesmente não tinha ninguém para ficar nas máquinas. Os adolescentes que trabalhavam na retaguarda transferiam parte de seus ganhos para as necessidades de produção da defesa, para as necessidades do front. Foi assim que surgiram colunas de tanques, aviões e esquadrões inteiros com nomes em sua homenagem. Por exemplo, “Aluno de Saratov”, “Pioneiro de Perm”, “Komsomol da Tartária”. Na retaguarda, assim como no front, as pessoas mostraram verdadeiro heroísmo, e por isso a partir deste ano temos o título honorário de “Cidade do Valor do Trabalho”. Ele foi concedido a 20 cidades.
Durante os anos de guerra, aqueles que tinham vossa idade ajudaram abnegadamente o seu país, defenderam a Pátria em pé de igualdade com os adultos. Diante da monstruosa ameaça nazista, todo o nosso povo se posicionou em uma única fileira: no front e na retaguarda. A vitória foi verdadeiramente coletiva. E esta sagrada façanha nacional nunca deve ser esquecida.
Todos nós devemos entender, sentir, o que está acontecendo hoje. Vocês sabem, às vezes pode parecer que no geral isto já não é tão importante, porque foi há tanto tempo, há 75 anos, isso em geral não tem nenhuma ligação com a vida de hoje, isso até pode parecer não ser mais interessante. Eu lhes garanto que absolutamente não é assim. Por quê? Porque depois da Segunda Guerra Mundial foi criada essa ordem mundial, as regras pelas quais e dentro das quais vivemos hoje. E alguns depois do fim da “guerra fria” (depois da quente Segunda Guerra Mundial, guerra muito cruel, infelizmente, começou a guerra fria – um confronto entre países diferentes), alguns acharam que depois da “guerra fria” saíram vitoriosos, consideram-se excepcionais, acreditam que é possível e necessário mudar a ordem que surgiu depois da Segunda Guerra Mundial. Por isso, para criar condições para essas mudanças, precisam refazer um pouco, reescrever a história, o que aconteceu na realidade. Essas pessoas que durante a guerra cooperaram com o inimigo, elas, como é sabido (Victoria Borisovna como professora de história sabe), são chamadas e se chamarão sempre, e em todo lugar, de colaboracionistas. Mas aqueles que hoje concordam com os que reescrevem a história podem muito bem ser chamados de colaboracionistas dos dias de hoje. Sempre há pessoas desse tipo, em todos os lugares houve e haverá. Eles têm motivos diferentes, agora não vamos entrar em detalhes. Só é importante entender que isso é muito atual hoje.
Temos a obrigação de conhecer e lembrar as pessoas que defenderam a paz e a liberdade em nossa terra, lembrar os acontecimentos dos anos terríveis da guerra. Esse é o nosso dever para com os que caíram, para com a história da família, e nosso dever para com as gerações presentes e futuras. Nós devemos lembrar, para que o horror do nazismo e a tragédia da guerra nunca se repitam.
Vocês sabem qual é a questão? A questão é que o objetivo dos nazistas não era apenas a ocupação do território de nosso país, não era apenas a escravidão dos povos da Rússia e da então União Soviética, como fizeram na Europa, mas a destruição dos povos da Federação Russa e dos povos das outras repúblicas da União Soviética.
Afinal, o que tinham planejado (e eles fizeram isso)? Parte de nossos povos devia ser destruída em campos de concentração, em câmaras de gás, alguns usados como escravos em trabalhos forçados. E a parte que não era necessária, segundo seus conceitos, deveria ser enviada para além dos Urais, para a Sibéria Oriental, praticamente até a extinção. Esse era o objetivo de nossos adversários, nossos inimigos. Esta é uma história completamente diferente de seus objetivos na tomada de territórios na Europa Ocidental. Se nós, como alguns pensam hoje, tivéssemos entregado nossas cidades e povoados sem luta, supostamente para salvar as vidas de nossos soldados, então no final perderíamos essa guerra, e isso levaria à destruição total de quase todos os povos da ex-União Soviética e da hoje Federação Russa. Este é o preço e o valor da Vitória, que nossos antepassados conquistaram.
Acredito sinceramente que vocês, seus familiares, nunca terão que enfrentar provações tão difíceis, e nisso vejo a tarefa dos líderes dos Estados, dos políticos responsáveis, figuras públicas, de todos que percebem o quão frágil é o mundo moderno.
Repito: acredito que vocês nunca terão que experimentar algo semelhante. Afinal, o sofrimento foi terrível para ambos os lados. Já falei sobre os planos dos nazistas e suas ações reais, mas do outro lado também. Digamos, o bombardeio de Dresden, a cidade alemã foi totalmente destruída, sem qualquer sentido militar. O mesmo pode ser dito sobre os bombardeios atômicos nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, onde foram utilizadas armas nucleares, armas atômicas contra um Estado não nuclear.
Estou absolutamente convicto de que a dedicação, o amor à Pátria, o desejo sincero de ser útil ao seu país existe nas gerações de jovens de hoje, assim como foi para aqueles que conquistaram a Vitória para nós, assim como existem oportunidades para que estas melhores qualidades se manifestem hoje.
Os jovens, praticamente seus pares, que então voltaram das frentes da Grande Guerra Patriótica, na verdade se lançaram com avidez ao conhecimento, ao estudo, tentaram se atualizar o mais rápido possível. Eles entenderam o valor do conhecimento, inclusive graças a isso, o país não só restaurou a economia, mas também alcançou posições de liderança no mundo em várias direções diferentes.
Muitos de nossos cientistas proeminentes, como os ganhadores do Nobel, Alexander Prokhorov, Nikolai Basov, por exemplo, quando tinham não mais que 20 anos, lutaram nas frentes da Grande Guerra Patriótica. Ainda jovens pesquisadores, incluindo Igor Kurchatov e Anatoly Alexandrov, forjaram a vitória na retaguarda, resolveram tarefas urgentes na linha de frente, alicerçaram as bases para o futuro escudo de mísseis nucleares de nosso Estado para, durante muitos anos depois, até hoje, garantir sua segurança. Hoje, mais de 100 institutos de pesquisa foram nomeados em homenagem aos nossos notáveis cientistas que deram sua contribuição para a Vitória tanto na frente quanto na retaguarda e depois continuaram suas pesquisas científicas.
Agora, hoje, o valor dos conhecimentos é também alto assim. Tornou-se o principal recurso para o desenvolvimento da esfera onde ocorre a competição global internacional. Quanto mais intensa for a competição pelo conhecimento, tanto entre as pessoas quanto entre os Estados, mais difícil, mas mais interessante será para vocês estudar, disso tenho absoluta certeza, não tenho dúvidas, e o quanto depende de vocês, pessoalmente de vocês. Diante de vocês estão agora abertos todos os caminhos, todos os recursos e reservas da educação moderna.
Gostaria de desejar a vocês que, com o apoio de seus mentores, encontrem e realizem em vocês as suas capacidades, que, sem dúvida, cada um de vocês tem, cada um tem suas próprias habilidades. Desejo que vocês descubram seus lados fortes, nos quais mais tarde vocês mesmos, com as suas mãos, com a sua própria cabeça, construirão o sucesso da sua vida futura. Faremos de tudo para que vocês tenham todas as possibilidades para isso. Mas, repito, só depende de vocês, do seu trabalho árduo, da perseverança, para que essas oportunidades se tornem suas conquistas futuras na sua profissão, na sua carreira, nos esportes e nas ciências. E o vosso sucesso é, sem dúvida, já falei sobre isso muitas vezes, o sucesso de todo o nosso país.
Desejo mais uma vez que vocês mantenham a sua curiosidade, o desejo de obter respostas às milhares, milhares e milhares de perguntas “por quê” e, claro, que permaneçam receptivos, prontos para ajudar a quem realmente precisa.
O desenvolvimento ativo do movimento voluntário mostra o quão importante e necessário é para as pessoas. Sempre foi importante, mas hoje o é principalmente. Quaisquer que sejam as tarefas que a vida nos coloque (na nossa frente e na vossa frente, claro), tenho certeza de que vocês as resolverão graças à sua inteligência, trabalho árduo, dedicação.E peço que não se esqueçam: unindo esforços sempre se consegue mais, principalmente no mundo moderno, eu também já disse isso muitas vezes, porque o esforço coletivo – é muito importante saber trabalhar em equipe – traz os melhores resultados, ajuda a superar as dificuldades, a responder em conjunto aos mais difíceis desafios que o mundo moderno enfrenta.
E que o novo ano letivo seja repleto de novas descobertas para vocês. Sucesso para vocês. Todos nós, quero dizer a população adulta do país, todos acreditamos em vocês, estamos convencidos de seu sucesso e contamos com seu sucesso.
Obrigado.