Jair Bolsonaro cancelou, na sexta-feira (3), uma viagem que faria a Nova York, onde receberia o prêmio “Pessoa do Ano”, oferecido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. O evento estava previsto para ser realizado no dia 14 de maio.
O porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, foi escalado para anunciar a decisão. Em nota distribuída no início da noite ele disse que o cancelamento da viagem tinha como motivo os “ataques” do prefeito da cidade norte-americana, Bill de Blasio, a Bolsonaro.
“O presidente da República agradece a homenagem proposta pela Câmara de Comércio Brasil-EUA, ao escolhê-lo ‘Personalidade do Ano de 2019′”, diz a mensagem. “Entretanto, em face da resistência e dos ataques deliberados do prefeito de Nova York e da pressão de grupos de interesses sobre as instituições que organizam, patrocinam e acolhem em suas instalações o evento anualmente, ficou caracterizada a ideologização da atividade”, diz a nota.
Bill de Blasio, do Partido Democrata, disse em 13 de abril que Bolsonaro não era bem-vindo à cidade. Ele ainda o chamou de racista, homofóbico e destrutivo. “Ele é um ser humano muito perigoso”, disse.
Na verdade, desde que foi anunciada, a homenagem ao presidente brasileiro foi marcada por polêmicas. Pelo menos três empresas patrocinadoras do evento retiraram seus apoios ao saber da participação de Bolsonaro. O governo chegou a colocar o Banco do Brasil como patrocinador, numa tentativa de salvar o evento. A instituição pública teve que se comprometer com o pagamento de US$ 12 mil (R$ 47,5 mil) para ter uma mesa com dez lugares no jantar de gala.
Após a manifestação do prefeito, o Museu Americano de História Natural de Nova York, onde inicialmente a homenagem iria ser realizada, desistiu de sediar o evento após pressão da comunidade acadêmica e funcionários da instituição. A companhia aérea Delta, a consultoria Bain & Company e o jornal Financial Times, que tinham topado apoiar a festa, também recuaram no decorrer da semana.
A viagem de Bolsonaro estava prevista para acontecer dos dias 13 a 15 de maio e, além de Nova York, incluiria uma passagem por Miami. Ambas foram canceladas.