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A Câmara de Vereadores do Rio também negou que soubesse da viagem. Palácio do Planalto disse que não pagou. Ninguém convidou, ninguém pagou, ninguém sabe. Senado pediu investigação
Nem o governo federal e nem a Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro souberam explicar o que o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) estava fazendo na delegação brasileira que foi à Rússia no mês passado. A Câmara Municipal negou que tenha arcado com os custos da viagem e nem sabia do passeio.
O governo federal também informou que não foi ele que pagou as despesas de viagem do vereador. O Planalto afirmou, por meio da publicação do Diário Oficial da União (DOU) em 21 de fevereiro que a ida do vereador do Rio de Janeiro e filho do presidente da República, Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), à Rússia foi realizada sem a utilização de recursos públicos.
A informação foi solicitada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) pedir a investigação do caso. O senador solicitou que fosse investigada a participação de integrantes do chamado “gabinete do ódio” na comitiva e “seus reflexos sobre a integridade das eleições de 2022”. Carlos é o responsável pela atuação das milícias digitais bolsonaristas.
Nos documentos enviados ao STF, o governo não informou nenhuma agenda oficial de Carlos Bolsonaro na Rússia. Apesar de não ter função oficial no governo, o vereador é apontado como integrante do chamado “gabinete do ódio” – estrutura montada para ameaçar adversários do governo e atacar instituições democráticas. Além de Carlos, outro assessor presidencial do “gabinete”, Tércio Arnaud, também viajou com o grupo.
No início de março, a PGR pediu que fosse enviado um ofício ao Palácio do Planalto para que o governo prestasse informações sobre o assunto. Aras, é claro, disse que o Planalto só precisaria informar se achasse “pertinente”. A partir disso, Moraes, que não teve dúvida da pertinência , requisitou informações à Presidência da República, respondidas agora. Ou seja, não foi nem a Câmara e nem o governo que bancou a viagem de Carlos.
A viagem do “espião do mito”, está, portanto, cercada de mistérios. Ninguém autorizou, ninguém convidou, ninguém pagou. Ele era uma sombra – invisível – na delegação. O jornalista Ricardo Noblat, de “O Globo”, ironizou a “viagem secreta” do “zero dois”. “O lugar de Carlos no avião presidencial não custou nada, nem a hospedagem dele em Moscou e em Bucareste, nem as refeições que ele fez por lá. Ao que se sabe, Carlos não faz jejum”, disse ele.
E prosseguiu o jornalista: é verdade que “outros filhos de Bolsonaro já passearam com ele no exterior. Acontece que um deles, Flávio “Rachadinha” Bolsonaro, é senador, e Eduardo “Fritador de Hambúrguer” Bolsonaro, deputado, e era presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara”.
Alguém ou o próprio vereador Carlos Bolsonaro terá que esclarecer à opinião pública, principalmente do Rio de Janeiro, sobre sua presença na delegação e quem pagou suas despesas, afinal, pelo que consta, até agora, não foi nem o Planalto e nem a Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. Estaremos aguardando as explicações do parlamentar.