Segundo Jackson Machado, vacinas não foram entregues “por lógica política” do governador mineiro
O secretário de Saúde de Belo Horizonte, Jackson Machado Pinto, afirmou que ao menos 50 mil não foram vacinados na capital por falta de vacina por decisão do governo Romeu Zema (Novo) “Cinquenta mil pessoas deixaram de ser vacinadas em BH. Não resta a menor dúvida que foi por lógica política”, disse Jackson, durante entrevista coletiva na sede da prefeitura.
A declaração foi dada para tratar do quantitativo de doses da vacina contra a Covid-19 enviadas à capital mineira na última semana.
“Não resta a menor dúvida de que isso foi por uso político da vacina. Me deixa indignado o fato de usarem a vacina – e a pandemia – como motivo de política. Fazer aglomeração para inaugurar hospital, tudo bem. É um critério político. Uma maneira de fazer política. Inaugurar e asfaltar estradas, tudo bem. Agora, usar a vacina para isso? Fico indignado”, reclamou.
Questionado para esclarecer o que seria a questão política, o chefe da pasta de Saúde municipal respondeu ironicamente: “Para bom entendedor, meia palavra basta.”
A redução do número de vacinas enviadas a Belo Horizonte seria uma retaliação à gestão do prefeito Alexandre Kalil (PSD), que anunciou sua intenção de disputar o governo estadual em 2022.
O secretário também reclamou que o governador se vacinou contra a Covid-19 em um centro de saúde da prefeitura e não mandou nenhum aviso à Secretaria de Saúde de BH, que gostaria de recebê-lo, segundo Jackson.
De acordo com a Prefeitura, o número recebido este mês não é suficiente para a ampliação de novos grupos. “Na última remessa do estado, esperávamos receber em torno de 70 mil doses, correspondente a 12% do que o estado recebeu. Recebemos, para nossa surpresa, 19 mil, ou seja, 3,3%”, disse Jackson.
A prefeitura disse que o Ministério da Saúde estabeleceu dois critérios para os estados distribuírem as vacinas entre seus municípios: a população proporcional a cada público contemplado (tais como idade e comorbidade) e a adesão à campanha de vacinação da gripe em anos anteriores.
“Por esse critério, Belo Horizonte tem direito a algo em torno de 14% dos imunizantes destinados a Minas Gerais. Na semana passada, no entanto, o índice foi de 3,3% – sem que a administração municipal fosse comunicada previamente e nem apresentada qualquer justificativa”, informou a prefeitura em nota.
“Estamos estudando a possibilidade de vacinar grávidas sem comorbidade. Mas não temos vacina”, disse.
Da mesma forma, a campanha de vacinação contra a Covid-19 no drive-thru do Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e em alguns postos de saúde de Belo Horizonte foi suspensa nesta quarta-feira (16), pela prefeitura, por falta de vacinas. A expectativa é de que a vacinação nesses locais seja retomada na próxima semana.
O posto de vacinação da UFMG funciona há cerca de três meses. A estrutura foi montada pela Prefeitura da capital, com apoio do Departamento de Assistência à Saúde do Trabalhador (Dast) e opera exclusivamente no sistema drive-thru, em que a aplicação é feita sem que a pessoa precise sair do automóvel.