Os temporais que atingiram o estado do Rio de Janeiro entre a sexta-feira (1°) e o sábado (2) provocaram a morte de ao menos 16 pessoas em cidades da Costa Verde e da Baixada Fluminense. Neste domingo (3), a Defesa Civil, o Corpo de Bombeiros e os efetivos municipais dão continuidade ao trabalho de buscas pelas vítimas de deslizamentos de terra que ainda estão desaparecidas nos locais mais atingidos.
Em Angra dos Reis, entre o dia de ontem e às 9h deste domingo, agentes da Defesa Civil localizaram oito corpos, sendo de quatro crianças e quatro adultos. As vítimas morreram após pelo menos seis casas serem atingidas por um deslizamento, no bairro Monsuaba, na madrugada de sábado.
As equipes seguem à procura de outros três desaparecidos, segundo relatos de familiares. No desabamento, cinco pessoas foram resgatadas com vida. Na madrugada de hoje, um novo deslizamento na mesma rua foi registrado pela Defesa Civil, mas não houve vítimas. O município foi o mais afetado pelas fortes chuvas e está em situação de emergência. Nas últimas 48 horas, foi registrado volume histórico, com 809 milímetros em Araçatiba, na Ilha Grande, e 694 no bairro da Monsuaba, no continente.
PARATY
Na noite de sábado, a Prefeitura de Paraty decretou de calamidade pública em razão do agravamento dos danos provocados pelas chuvas. Na comunidade de Ponta Negra, sete pessoas da mesma família morreram soterradas, após a casa onde estavam ser atingida por um deslizamento de terra. O corpo da mãe, Lucimar, foi resgatado por moradores e dos filhos Lucimara de Jesus Campos, 17 anos, e Luciano de Jesus Campos, 15, foram localizados entre os escombros.
Neste domingo, as equipes de resgate e apoio retomaram logo pela manhã as buscas dos corpos dos outros quatro filhos: Jasmin, de 10 anos; Yasmin, 8; Estevão, 5; e João, de 2 anos. Um sétimo filho, Dorqueu, de 9 anos, foi resgatado com vida e o estado de saúde da vítima é estável. Até o momento, 219 famílias de Paraty foram atingidas por alagamentos ou sofreram perdas materiais, em 22 bairros. Segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social, há 15 delas desalojadas e abrigadas em escolas municipais.
Segundo a prefeitura, após vistoria na rodovia Paraty-Cunha, o Departamento de Trânsito da Secretaria Municipal de Segurança e Ordem Pública decidiu pela interdição da estrada em razão de pelo menos quatro pontos com quedas de barreira e erosão na pista.
Na região norte do município, ainda há comunidades sem abastecimento de água e energia, como Taquari, Sertão do Taquari, Barra Grande, Chapéu do Sol, São Roque e Serraria. Equipes do Departamento de Água e Esgoto e da Enel estão nestes locais. Na Prainha, cinco famílias foram atingidas com perdas materiais. Há ruas danificadas, várias casas inundadas, terrenos alagados. O abastecimento de água também foi prejudicado.
ILHA GRANDE
Na Ilha Grande, as comunidades mais afetadas foram as de Araçatiba, Vermelha, Provetá, Abraão e Aventureiro. Em todas elas foram registrados deslizamentos de terra e de blocos de pedra. A Praia de Itaguaçu, ao lado da praia Vermelha, foi praticamente soterrada. De acordo com relatos de moradores da região, há quatro pessoas desaparecidas.
Atualmente, há 181 pessoas nos pontos de apoio abertos pelo município, sendo assistidos por profissionais das Assistência Social, Educação e Saúde. Tanto no continente quanto na Ilha Grande, os moradores continuam sendo informados sobre os riscos de deslizamentos por meio do sistema de sirenes e SMS, acionado a partir do monitoramento constante feito pela Defesa Civil no Centro de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais de Angra dos Reis (Cemanden – AR).
Por conta dos deslizamentos de encostas, estão inoperantes as linhaz 101 (Cantagalo); 102 (Caputera); 104 (Monsuaba); 106 (Jacuecanga); 300 (Japuíba x Ponta Leste); 306 (Belém X Jacuecanga); T10 (Div. Mangaratiba); e T11 (Ponta Leste). De forma parcial, estão funcionando C04 (Vila Velha – indo até o Bonfim); C05 (Retiro – indo até o campo de futebol do Encruzo); e 203 (Serra D’Água – indo até a escola). As demais linhas estão operando, mas com horário reduzido.
BAIXADA
Umas das mortes em decorrência do temporal aconteceu Mesquita, na sexta-feira. O advogado Daniel Ribeiro Pessoa, de 38 anos, morreu ao sofrer uma descarga elétrica no Centro da cidade, ao encostar em um poste de iluminação, quando tentou socorrer uma pessoa que havia ficado presa na enchente. Um motociclista tentou, sem sucesso, reanimar a vítima. Os médicos foram chamados ao local, mas o homem já estava sem vida. Daniel era casado e pai de dois filhos, um menino de 7 anos e um bebê de sete meses. Seu corpo foi levado ao Instituto Médico Legal (IML) de Nova Iguaçu e ainda não há informações sobre o sepultamento.
A Prefeitura de Nova Iguaçu decretou, na noite deste sábado (2), situação de emergência, por conta dos problemas provocados pelas fortes chuvas que atingem a cidade desde a noite de sexta-feira (1º). A medida foi publicada em edição extraordinária do Diário Oficial de hoje. O município registrou um acumulado pluviometrico de 166 milímetros em 4 horas e cerca de 222 milímetros em 24 horas.
O temporal causou, segundo a prefeitura, sérios danos a imóveis públicos e privados por conta dos alagamentos, inundacoes, enxurradas e deslizamentos, afetando cerca de 800 mil pessoas. No Hospital Estadual Doutor Ricardo Cruz (HERCruz), o Hospital Modular de Nova Iguaçu, a água entrou nos corredores da unidade, que fica abaixo do nível da rua. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES), não houve danos aos pacientes, nem a equipamentos.
Devido aos estragos, o prefeito Rogerio Lisboa estabeleceu como necessária a adoção de ações de reconhecimento, salvamento, humanitárias, vistorias técnicas, desocupações de imóveis, limpeza e desobstrução de vias, além de reconstrução de equipamentos públicos. De acordo com o decreto, todos os órgãos municipais estão mobilizados para atuarem sob a coordenação da Secretaria Municipal de Defesa Civil nas respostas ao desastre e reconstrução das áreas afetadas.