Critério tradicional sempre levou em conta o número de medalhas de ouro. China está na frente neste quesito
Bastante incomodada com a liderança chinesa nas olimpíadas de Tóquio, a imprensa americana mudou a forma de exibir os países com mais pódios: a regra agora é mostrar a classificação pelo total de medalhas, não pelo número de ouros, como tradicionalmente é mostrado no mundo todo.
A mudança independe do espectro ideológico do veículo de comunicação: tanto os jornais “The New York Times” e “The Washington Post”, mais liberais, quanto a rede de televisão conservadora Fox News e até o Yahoo! mostram os EUA à frente da China, apesar de os americanos terem menos ouros.
O ranking é ordenado pelo número de ouros, mas na última coluna da tabela é possível ver e também organizar a tabela pelo total de medalhas. A Carta Olímpica do Comitê Olímpico Internacional (COI) veda um ranking de medalhas de países, mas no site oficial da Tóquio 2020 há uma contagem de medalhas olímpicas que mostra a China em 1º lugar.
Modo tradicional
Até as 10h desta quinta-feira (5), os chineses lideravam o quadro de medalhas com 34 ouros, 24 pratas e 16 bronzes (74 no total), contra 29 ouros, 34 pratas e 27 bronzes dos americanos (90 no total).
Depois que a China assumiu a dianteira nas medalhas de ouro, o The New York Times passou a adotar o número absoluto de medalhas como critério de classificação, o que dá vantagem aos atletas dos Estados Unidos e coloca a delegação dos EUA no topo da lista. “Está claro que não é um manifesto esportivo, que é sobre hegemonia cultural, financeira e social”, avaliam especialistas em esportes.
Modo apresentado pela imprensa americana
Essa falseta indignou um dos colunistas do portal “Yahoo!”, Dan
Wetzel. Em sua coluna intitulada “Sorry, America: China’s leading the real
Olympic medal count” (Lamento América: a China lidera a contagem olímpica
real), Wetzel diz que “em um método ainda inexplicável (pelo menos
aparentemente) de contagem, nacionalmente aceito, os norte-americanos se
colocam na frente não de acordo com a contagem de quem vence mais ouros, mas
por quem tem o maior número total de medalhas”.
“O resto do mundo prefere o ouro sobre todas as demais medalhas. É um
conceito simples. É assim que o Comitê Olímpico Internacional faz a contagem. É
assim que está o quadro no site oficial da Olimpíada Tóquio 2020. É uma
contagem suficientemente boa para as agências de notícias de todo o mundo, só
não serve para os Estados Unidos”.
Wetzel ressalta ainda que todo o sistema olímpico de premiação age de
acordo: “A bandeira do país ao qual pertence o medalhista de ouro vai para o
ponto mais alto do pódio. Tocam o hino do país do medalhista de ouro, não os
dos demais países”.
“Não há tergiversação aqui. Não há espaço para interpretação. Em nenhum
ponto foi sugerido que as três colocações fossem iguais. Fossem assim, haveria
três ouros e não um ouro, uma prata e um bronze”, agrega o colunista.
“Então, os Estados Unidos usam uma medição diferente de todos os demais e,
eis, que coincidência, aí acontece que parece que os norte-americanos são os
mais bem-sucedidos nas Olimpíadas, quando não são” esclarece Wetzel.
“O que diriam se fosse a mídia da China que fizesse uma manobra deste tipo,
contrariando o mundo inteiro, para se colocar no topo? O que vocês achariam
disso?”, questiona o colunista.