O Supremo Tribunal Federal (STF) prorrogou por mais 60 dias o inquérito que apura a fake news de Jair Bolsonaro, que associou a vacinação contra Covid a um risco de desenvolver Aids. A decisão foi do ministro Alexandre de Moraes.
A fake news foi divulgada por Bolsonaro em uma live nas redes sociais no dia 22 de outubro.
Na transmissão, Bolsonaro disse que relatórios oficiais do Reino Unido teriam sugerido que pessoas totalmente vacinadas contra a Covid estariam desenvolvendo Aids “muito mais rápido que o previsto”.
A declaração foi imediatamente repudiada e contestada pelas entidades científicas, especialistas e pela plataforma de checagem Fato ou Fake. A live de Bolsonaro foi retirada do ar por Facebook, YouTube e Instagram.
A fonte de Bolsonaro foi um documento apócrifo que circulou pela internet naquela época, mais especificamente no site conspiracionista beforeitnews.com, que publicava textos dizendo que as vacinas rastreiam os vacinados e que milhões de pessoas morreram com as vacinas. O próprio governo inglês, através do Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido, desmentiu a farsa repetida por Bolsonaro.
O jurista Miguel Reale Jr., que ajudou na elaboração do relatório final da CPI da Pandemia, afirmou na ocasião que “é uma vilania” Bolsonaro “dizer que a vacina leva à Aids”. “Isso é um desrespeito à vida”, enfatizou o jurista.
O então presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), comentou que “o presidente é uma instituição, a presidência é uma instituição”. “A presidência não é cargo de buteco em que você fala o que quer, tomando cerveja e comendo churrasquinho. Presidente da República que se reporta ao povo brasileiro baseado em um estudo que não tem cabimento nenhum e fala uma coisa dessa quando estamos implorando para a população se vacinar?”.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, disse naquele momento ter pedido punição para a mentira presidencial. “Temos um delinquente contumaz na Presidência da República!”, afirmou.
O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, reafirmou que as vacinas usadas no Brasil são seguras, e que nenhuma delas aumenta a “propensão de ter outras doenças”.
Moraes atendeu a um pedido da Polícia Federal, feito pela delegada da PF, Lorena Lima Nascimento, na semana passada. A investigação foi aberta no dia 3 de dezembro de 2021, com a autorização do ministro.
Moraes também autorizou que a PF encaminhe ofício ao Google para que a empresa forneça, em 10 dias, o vídeo da live do presidente que gerou a investigação.
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