Ensaios clínicos de fase 1 realizados na Tailândia, que avaliam a ButanVac, nova vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo Instituto Butantan, apontam que a vacina tem “perfil de segurança aceitável e é altamente imunogênica”. Os resultados preliminares foram descritos em artigo publicado no último dia 22 na plataforma de preprints MedRxiv.
Nesta fase 1 dos ensaios clínicos, 210 adultos saudáveis, com idades entre 18 e 59 anos, receberam duas doses do imunizante com intervalo de 28 dias entre elas.
Segundo o estudo, randomizado e controlado por placebo, a ButanVac apresentou um “perfil de segurança aceitável” e “imunogenicidade potente”, ou seja, forte capacidade de gerar resposta imune.
Os efeitos colaterais mais comuns relatados pelos voluntários foram dor no local da injeção, fadiga, dor de cabeça e dor muscular. Não houve nenhum efeito adverso grave.
A ButanVac é resultado de um consórcio internacional que tem, como produtores públicos, o Butantan, o Instituto de Vacinas e Biologia Médica do Vietnã e a Organização Farmacêutica Governamental da Tailândia.
Os ensaios foram financiados pelo Instituto Nacional de Vacinas da Tailândia, o Conselho Nacional de Pesquisa da Tailândia, a Fundação Bill & Melinda Gates e os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA. Participaram pesquisadores da Universidade Mahidol, na Bangkok, da Icahn Escola de Medicina Monte Sinai, de Nova York, e da Universidade do Texas, em Austin.
Imunizante fabricado inteiramente no Brasil e mais barato
No Brasil, o início da produção da nova vacina pelo Instituto Butantan foi anunciada pelo governador de São Paulo, João Doria, no fim de abril.
O Instituto Butantan pretende que a ButanVac seja fabricada totalmente no Brasil com custos baixos, sem dependência de insumo importado – o que é uma grande vantagem em relação à vacina da AstraZeneca e à Coronavac que dependem de insumos que não são produzidos aqui e necessitam de importação.
Como é a ButanVac?
A ButanVac é feita a partir da técnica de vírus inativado, uma das mais usadas e seguras do mundo, e usa a tecnologia de inoculação do vírus em ovos embrionados de galinhas, a mesma tecnologia usada na vacina da gripe.
De acordo com o Butantan, além de ser barata e muito disseminada, especialmente em países emergentes, a técnica é uma especialidade do Butantan: o Instituto produz anualmente 80 milhões de vacinas da gripe usando ovos.
A tecnologia da ButanVac utiliza um vetor viral que contém a proteína spike do coronavírus de forma íntegra. O vírus utilizado como vetor nesta vacina é o da Doença de Newcastle, uma infecção que afeta aves. Por esta razão, o vírus se desenvolve bem em ovos embrionados, permitindo eficiência produtiva num processo similar ao utilizado na vacina da gripe.
Em comparação com o vírus da influenza, o vírus da Doença de Newcastle não causa sintomas em seres humanos, sendo uma alternativa mais segura na produção. Além disso, o vírus é inativado para a formulação, facilitando sua estabilidade e deixando a vacina ainda mais segura.
Ensaios clínicos da ButanVac estão ocorrendo no Brasil em Ribeirão Preto (SP), Guaxupé (MG), São Sebastião do Paraíso (MG) e Itamogi (MG). Testes em andamento também acontecem no Vietnã.