A União Nacional dos Estudantes (UNE) convocou na próxima terça-feira, dia 13 de agosto, uma série de manifestações em defesa da educação. O novo ‘’Tsunami’’ está marcado para acontecer em ao menos 80 cidades, como informa a entidade.
Para os estudantes, os cortes na educação demonstram a falta de compromisso do governo Bolsonaro a juventude brasileira.
Durante o seu congresso, realizado em Julho, a UNE aprovou uma agenda de mobilizações sociais e institucionais, visando impedir que o governo federal consiga implantar nas universidades, as políticas de cortes e privatizações, como o programa “Future-se”, lançada pelo Ministério da Educação (MEC).
O programa Future-se é considerado um ataque à autonomia universitária e o caminho para a privatização do ensino superior no país. A proposta de captação própria é uma entrega das universidades a uma dependência do setor privado e uma desresponsabilização do governo de financiamento público à educação superior. Isso também significa retirar a autonomia didático-científica e administrativa das universidades, para ficarem cada vez mais à mercê de interesses privados que buscarão retornos de seus investimentos, acabando com a base de financiamento público da universidade.
Para Iago Montalvão, presidente da UNE, “O tsunami estudantil que ocupou as ruas de todo país no último mês de maio, volta agora no dia 13 de agosto para mostrar que a luta não para. A União Nacional dos Estudantes convoca todos os jovens a mostrar sua indignação contra os cortes na educação, a sair em defesa da autonomia universitária e contra o projeto Future-se do MEC, que pretende terceirizar o financiamento da educação pública ao mercado”, diz Iago.
ESCOLAS
Os estudantes do ensino básico também participam da convocação das manifestações. Em São Paulo, dezenas de escolas estão mobilizadas para o ato desta terça-feira.
“A situação do Brasil está grave, o governo se apresenta como inimigo da Educação. As universidades correm o risco de não encerrar o semestre e agora o governo resolveu cortar dinheiro dos livros didáticos para os estudantes do Ensino Fundamental e Médio”, disse o presidente da UMES, Lucas Chen.
“Bolsonaro utilizou o recurso desviado do orçamento da Educação para comprar os votos da reforma da Previdência. Usou o dinheiro que deveria ser investido no nosso futuro para atacar o direito a aposentadoria”, denunciou.
Veja a lista de municípios e pontos de concentração em que serão realizados os protestos:
“Os estudantes também estão apreensivos com o futuro do ensino superior, e já sentem os efeitos do congelamento. Os cortes, combinados com as novas formas de financiamento previstas no Future-se, conduzem a um cenário de “sucateamento”. Não há compromisso com a educação pública, gratuita, de qualidade e inclusiva. A ideia desse governo é de sucateamento aumento dessas instituições”, disse o presidente do diretório acadêmico do campus São Bernardo da UFABC, Clóvis Girardi.
WEINTRAUB
Os diretores da UNE foram recebidos na quarta-feira (7) em Brasília pelo ministro Abraham Weintraub, onde afirmam ter saído do encontro sem respostas concretas e sem que o ministro volte atrás do descaso que provocou na educação. Iago Montalvão, aposta que os atos do dia 13, vira para fortalecer ainda mais a cobrança pelo fim dos cortes dos orçamentos das universidades federais.
“O ministro não deu respostas claras, disse que pode ser que descontingenciem [as verbas] esse ano, mas não pode se comprometer. O que vai fazer com que as bolsas e os recursos sejam devolvidos para as universidades é continuar a mobilização nas ruas. O dia 13 de agosto é muito central para nós a partir de agora”, diz.
Para o presidente da UNE, o encontro com Weintraub representou uma abertura, embora tenha sido “pouco produtivo”. “Foi importante abrir esse canal de diálogo. Foi um reconhecimento da nossa luta, das mobilizações estudantis, das intervenções que a gente fez exigindo que os estudantes fossem ouvidos”.