Em uma censura que viola gravemente a legislação internacional sobre liberdade de imprensa, a União Europeia (UE) resolveu banir os meios de comunicação estatais russos RT (Russia Today) e Sputnik do bloco. A medida foi anunciada por Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, neste domingo 27.
De acordo com ela, a Comissão Europeia já está elaborando as medidas para a proibição da transmissão.
Vários sites da agência Sputnik, incluindo Sputnik Internacional, Sputnik Alemanha SNA, Sputnik República Tcheca e Sputnik Polônia também relataram massivos ataques de negação de serviço (DDoS, na sigla em inglês) aos portais dos dois órgãos russos de imprensa.
Além da censura de entidades estatais, a mídia russa foi alvo do grupo de hackers Anonymous, que declarou uma “guerra cibernética” ao governo russo como reação aos acontecimentos da Ucrânia.
Em resposta à censura, Margarita Simonyan, editora-chefe do RT e da Sputnik, escreveu: “Por ocasião da proibição do RT e da Sputnik na UE, declaro oficialmente que nenhuma pessoa em nenhum país que trabalhou e continua trabalhando conosco com dedicação e distinção será demitida. Sabemos fazer o nosso trabalho em condições de proibições”.
“Esses amantes da liberdade têm nos preparado para isso durante oito anos”, ironizou a editora.
O ataque à mídia russa de língua estrangeira pelos EUA e governos capachos não é novidade. Antes dos eventos desta semana, a Sputnik e demais agências foram submetidas a outros ataques, muitas vezes menos evidentes – como proibições nas mídias sociais e exclusão nos mecanismos de pesquisa, bem como desligamentos direcionados e tentativas de ataque de hackers.
Esse procedimento – que deixa claro o pavor por questionamento de uma narrativa onde a Otan é o mocinho e as medidas defensivas russas são demonizadas – vem junto com um vasto pacote de medidas tomadas pelos EUA, UE e seus aliados contra a Rússia por causa da operação militar russa em andamento na Ucrânia, incluindo novas e duras sanções bancárias e pessoais, além do fechamento do espaço aéreo para aeronaves russas e até ameaças da FIFA de proibir a bandeira e o hino da Rússia nos jogos da Copa do Mundo deste ano.