A senadora Simone Tebet (MDB-MS) questionou os motivos que levaram a Polícia Federal a convocar a diretora técnica da Precisa, Emanuela Medrades, para depor, justamente na véspera do comparecimento da diretora à CPI da Covid, tornando-a investigada.
A depoente se apoiou em uma liminar concedida pelo ministro Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), para não responder as perguntas dos senadores na CPI.
Os advogados de Emanuela se aproveitaram do episódio para alegar que, após ter sido ouvida pela PF em inquérito aberto sobre o mesmo caso a depoente passava à condição de “investigada” pela CPI, podendo recorrer ao direito constitucional de não produzir provas contra si mesma.
Simone Tebet argumentou, numa entrevista à GloboNews, que a investigação da PF não pode servir de instrumento para “embaralhar” os trabalhos da comissão.
“Ela [Emanuela] não tinha por que se negar a uma resposta que, ao contrário de prejudicá-la, poderia só vir a protegê-la. (…) A Polícia Federal é um órgão de fiscalização e controle do Estado, não de governo. Ela não pode servir de instrumento para embaralhar a CPI. (…) [A PF] Tem que ser parceira e colaborativa com a CPI”, disse.
O silêncio de Emanuela Medrades, na terça-feira, foi criticado pela senadora Simone Tebet (MDB-MS).
“A decisão em forma de liminar é cristalina como água. Ele [Fux] deixa muito claro que dividiu o papel de Emanuela em dois momentos: naquilo que pode incriminá-la, ela pode permanecer calada. Por outro lado, naquilo que apenas a envolve, e nesse aspecto na função de testemunha, ela é obrigada a dizer a verdade, e não ficar silenciosa”, disse Simone Tebet.
Para Tebet, Emanuela é “peça-chave” nas negociações com o Ministério da Saúde para compra da vacina Covaxin.
O depoimento da diretora da Precisa foi retomado na manhã desta quarta (14), após a resposta de Fux ao questionamento do presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, senador Omar Aziz (PSD-AM), sobre os limites do direito de silêncio concedido à depoente.
A decisão do ministro do STF diz respeito apenas aos fatos que poderiam incriminar Emanuela Medrades e não a livrou da obrigação de esclarecer outras questões.