Produção de novembro deste ano caiu 30% em relação a mesmo mês de 2023
Novembro passado foi o pior mês para o Reino Unido nos últimos 44 anos em termos de produção de automóveis, registrou a Bloomberg, relatando o anúncio, da Stellantis, do fechamento da fábrica de Luton, que produziu veículos da marca Vauxhall durante 120 anos. Assim, a crise britânica no setor dos automóveis se soma a que aflige a Europa, especialmente a Alemanha.
A produção em novembro caiu 30% em relação a 2023, para 64.216 unidades, o que representa o nono mês consecutivo de queda, segundo dados da Sociedade de Fabricantes e Comerciantes de Automóveis (SMMT).
A queda foi de 56,7% para a produção destinada ao mercado interno e de 21,3% na exportação.
No total, nos onze meses de 2024, a produção de automóveis no Reino Unido caiu 12,9% para 734.562 unidades. O que é 108.787 veículos a menos que no mesmo período de 2023 e quase meio milhão menos que em 2019, segundo a SMMT.
“Estes números não são um bom sinal de Natal para o setor”, alertou o presidente-executivo da associação britânica, Mike Hawes.
O sindicato Unite reagiu ao anúncio, afirmando que “a proposta que foi apresentada hoje foi uma bofetada completa na cara dos nossos membros em Luton, onde os veículos Vauxhall são fabricados há 120 anos”, acrescentando que a decisão “não é aceitável”.
NA DESCENDENTE
Segundo o relatório, este declínio se deve ao fato dos fabricantes de automóveis britânicos terem “reestruturado as fábricas para produzir veículos elétricos”, mas o mercado para estes automóveis “não está crescendo tão rapidamente como o esperado devido ao declínio na confiança dos consumidores tanto no Reino Unido como nos principais mercados externos”. A SMMT pede urgência no apoio do governo ao setor.
A bem da verdade, desde o Thatcherismo a indústria automobilística britânica se tornou uma sombra pálida do que já foi, e no fundamental foi vendida aos estrangeiros. Stellantis é a corporação surgida da fusão da Fiat Chrysler com a montadora francesa PSA, mais fundos americanos e chineses. Entre as marcas associadas estão Fiat, Chrysler, Jeep, Peugeot, Citroen, Alfa Romeo e Maserati.
A Bloomberg atribuiu a crise no setor automobilístico europeu “em parte ao aumento dos preços da energia devido à rejeição dos recursos energéticos russos” [leia-se sanções autoinfligidas por Bruxelas ao gás russo barato em favor do quatro vezes mais caro gás de fracking norte-americano, como parte do suporte à expansão da Otan] e também à “competitividade dos homólogos chineses de baixo custo, especialmente os elétricos”.
A crise é ainda mais grave no setor automobilístico alemão – um dos pilares da economia do país – e agora os seus fabricantes, como a Volkswagen, estão imersos no seu terceiro ano de recessão e são forçados a fechar fábricas e cortar pessoal.
O Sul da Europa também não escapou à recessão. Em Outubro passado, porta-vozes da indústria automobilística italiana, em meio a greves de trabalhadores do setor que abalaram o país, afirmaram que a produção de carros na Itália estava à beira do colapso e alertaram para uma “tragédia social sem precedentes”.