
O pagamento do auxílio emergencial amenizou a queda do Produto Interno Bruto (PIB) do país em até dois pontos percentuais, concluiu pesquisa realizada pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). De acordo com os pesquisadores, a injeção de recursos na economia por meio do auxílio de R$ 600 e a ampliação do Bolsa Família – de R$ 122,7 bilhões até 3 de julho – permitiu a manutenção de renda de R$ 65,2 milhões de trabalhadores informais e desempregados e contribuíram para manter o consumo impulsionando a economia.
O trabalho acadêmico tomou por base o prognóstico da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de que o PIB brasileiro este ano será 7,5% menor em comparação com 2019.
“Essas famílias têm uma propensão marginal a consumir muito alta. Então, pegam esse dinheiro e levam direto para o consumo. Isso impacta a demanda e logo impacta o PIB”, explica o professor do Programa de Pós-Graduação em Economia Regional e Desenvolvimento da UFRRJ, Joilson Cabral.
A propensão ao consumo se explica pelo destino imediato do auxílio que foi destinado a milhões de trabalhadores autônomos que ficaram sem qualquer renda durante a pandemia, beneficiários do bolsa família e desempregados. O benefício de R$ 600 foi destinado aos bens de primeira necessidade, como alimentos e remédios e para pagamento de contas básicas. Apesar de os dados do comércio ainda mostrarem o setor em grave crise, os pesquisadores acrescentam que o crescimento de 5,2% no acumulado do ano até maio no segmento de supermercados e produtos alimentícios tem a ver com a renda garantida pelo auxílio.
A projeção da equipe de pesquisadores é que mais dois meses de pagamento do benefício emergencial amortecerão a queda do PIB direta ou indiretamente em até 4,21 pontos percentuais.
O benefício de R$ 600 por três meses foi prorrogado por mais dois meses por pressão de parlamentares, economistas e entidades, apesar da resistência do governo Bolsonaro, que chegou a descartar essa possibilidade já autorizada pelo Congresso.
Os R$ 600 têm sido a principal fonte de renda de 93% dos domicílios mais pobres do país, além de melhorado as condições de vida em 23 milhões de residências do país. Esse cenário considera o desembolso pelo governo federal de um montante de R$ 257,2 bilhões, dos quais R$ 3 bilhões seriam recursos adicionais ao Bolsa Família e, o restante, do auxílio emergencial.
“O governo não está gastando R$ 200 bilhões. Está gastando R$ 200 bilhões menos o que vai retornar para ele”, diz Cabral, mencionando também a arrecadação dos impostos que cresce com o consumo. Além dele e de Everlam Montibeler, assinam o estudo Maria Viviana Cabral e Caio Chain.