Jair Bolsonaro começou a quinta-feira (02) divulgando um vídeo de uma mulher na frente do Palácio, dizendo ser professora particular, e pedindo a ele para dar um golpe. A mulher pediu que ele botasse o Exército na rua para obrigar o comércio a abrir as portas e forçar o povo a sair de casa para voltar ao trabalho.
Segundo a “professora”, ela queria trabalhar, mas “os governadores não estão deixando”. Um discurso bem afinado e na medida para o golpismo do presidente. Uma fala idêntica a do provocador de Belo Horizonte, que, um dia antes, falsificou um vídeo alardeando que os governadores estavam provocando um desabastecimento no país.
Este último bolsonarista foi desmascarado rapidamente porque o vídeo era uma fraude grosseira. A Ceasa de BH, onde o meliante filmou, estava abarrotada de produtos. Tudo foi comprovado na mesma hora por vários repórteres de diversos órgãos de imprensa. Ele havia escolhido um cantinho vazio para filmar.
Desmoralizado, Bolsonaro teve que se desculpar por ter divulgado o vídeo falso. Disse que foi sem querer. O provocador já foi identificado e será preso. Mas, no caso mulher pedindo o golpe, Bolsonaro manteve todo o seu apoio, divulgou de novo o vídeo e chegou a dizer que ela falava “em nome de milhões”.
Mais tarde, em entrevista à radio Jovem Pan, de São Paulo, Bolsonaro voltou a ameaçar o país. Disse que se a população não voltar ao trabalho, ele vai impor à força o fim das medidas de proteção contra o coronavírus. Ele informou que vai usar um decreto para anular todas as medidas colocadas em prática pelos governadores.
Essas medidas que os governadores tomaram foram recomendadas pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como única forma de impedir a explosão descontrolada da epidemia e o colapso do sistema de saúde.
Insistindo que a pandemia – que mesmo no início, já matou mais de 300 pessoas no Brasil – é uma “gripezinha” ou um “resfriado”, Bolsonaro também voltou a atacar a imprensa dizendo que ela provocou um pânico desnecessário e criou um clima de histeria no país.
Na opinião de Bolsonaro “a epidemia só vai parar quando 60 a 70% das pessoas forem contaminadas”. “O que eles – os governadores – estão fazendo é atrasar tudo isso”, acusou. Ele até admitiu que “haverá mortes”, mas disse que isso era “assim mesmo”. “Todos nós vamos morrer um dia”, argumentou.
Antes ele havia dito a seus seguidores na porta do Palácio que a epidemia não era isso tudo o que falam dela e que “os governadores estão com medinho do vírus”. Essas declarações provocativas e seu apoio à encenação golpista na porta do Palácio revelam que Bolsonaro está apostando as fichas no confronto político e na ruptura democrática.
Bolsonaro disse que, se a partir da próxima semana, não começar a voltar o emprego, “vou ter de tomar uma decisão”. “Eu tenho um projeto de decreto pronto para ser assinado, se for preciso, que considera como atividade essencial toda aquela indispensável para levar o pão para casa todo dia”, afirmou o presidente.
Ou seja, Bolsonaro ameaçou passar por cima do Brasil – que apoia maciçamente as medidas de isolamento – e impor à força a sua visão tacanha e burra, que considera a Covid -19 como “uma gripezinha”.
Todas as atividades consideradas essenciais estão em funcionamento, mas Bolsonaro quer mais. O fato da suspensão do isolamento significar a explosão da epidemia e a morte de milhares de pessoas, não importa para o presidente. Ele quer o confronto.
Ele sabe que os governadores não aceitarão essa imposição absurda, desumana e anticientífica, e por isso, faz ameaças. Diz que não usará os militares para garantir a abertura do comércio, mas, para quem conhece o pouco apego de Bolsonaro à verdade, sabe que ele está exatamente ameaçando com essa mesma medida que ele nega.
Os governadores estão unidos e já têm, inclusive, entrado na Justiça para derrubar várias das decisões absurdas de Bolsonaro. Eles já preparam ações para exigir os recursos emergenciais e para barrar qualquer outra de suas investidas criminosas contra a vida das pessoas.
Na contramão do mundo inteiro, Bolsonaro defende a volta às aulas e a abertura das empresas e do comércio. Para ele, só os idosos deviam fazer a quarentena. Não importa que os jovens e as crianças que sairão de casa, voltarão e contaminarão seus pais, mães e avós. Bolsonaro não quer saber de nada disso. Só pensa em garantir os lucros das empresas.
Ele se recusa a liberar os recursos emergenciais, já aprovados pelo Congresso Nacional, para ajudar as empresas a seguirem de pé e para permitir que as pessoas façam a quarentena sem perder suas rendas. Ele insiste na volta ao trabalho e na volta das aglomerações das pessoas nas ruas.
Não importa se isso vai matar dezenas de milhares de brasileiros. Para Bolsonaro, essas mortes não significam nada. Ele quer impor à força a sua ignorância a todo custo. Para o Brasil, a vida importa, e muito.
SÉRGIO CRUZ
é escroto isso todos devemos voltar agora ao trabalho é verdade não passa de uma farsa esse grande virus que esta abalando a economia
Você está dizendo que a epidemia do coronavírus, com milhares de mortos (até agora), é uma farsa? Deus! Como é que o mundo não percebeu isso ainda?
Amigo temos q deter esse cara.