Queiroga, no entanto, não informou quando chegarão essas doses da vacina que ainda dependem da liberação da agência reguladora dos EUA
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta terça-feira (8) que as doses da vacina contra a Covid-19 da Janssen, que foram antecipadas pela multinacional para chegarem ainda este mês no Brasil, chegarão perto do vencimento do prazo de validade. Cerca de 3 milhões de imunizantes, que estão prestes a desembarcar no país, têm prazo de validade até 27 de junho.
Segundo o governo federal, as vacinas devem ser distribuídas apenas às capitais, o que facilitaria a aplicação, já que essas regiões têm melhor infraestrutura.
“É um prazo mais curto, e isso foi pactuado com Conass e Conasems. Entendemos que temos que fazer uma estratégia para aplicar essas 3 milhões de doses em um prazo muito rápido para não correr o risco de vencer vacinas”, disse Queiroga, ao final do depoimento dado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19.
Queiroga, no entanto, não informou quando chegarão essas doses da vacina da Janssen, que, segundo ele, ainda dependem de uma liberação da agência reguladora de medicamentos e alimentos dos Estados Unidos (FDA).
Recentemente o governo de Joe Biden anunciou que os EUA iriam colaborar com a vacinação de outros países. O país reservou mais doses que necessário para imunizar o total da população e agora, resolveu permitir a venda de vacinas que estão próximas do vencimento. “Ainda estamos dependendo do FDA, quando ele der o posicionamento, aí a vacina pode vir. Se tardar o posicionamento do FDA, essas 3 milhões de doses podem não ser mais úteis para nós, por causa da exiguidade de prazo”, afirmou o ministro.
O Ministério diz pretende distribuir e aplicar as doses nas capitais em um período de cinco dias. A operação está sendo desenhada pela pasta, que aposta na capacidade de vacinação diária do Sistema Único de Saúde, apto a imunizar até 2,4 milhões de pessoas por dia, no entanto, o ministro admitiu as doses podem não servir caso haja demora na liberação pelo FDA.
Diante do curto prazo de validade, o Ministério consultou estados e municípios antes de aceitar as doses da Janssen e obteve sinal verde para aceitar a entrega. De acordo com o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Eduardo Lula, é possível realizar a vacinação em tempo hábil, caso as doses cheguem na próxima semana, o que daria um prazo de até 14 dias até o vencimento.
“Pelo ritmo de vacinação dá tempo de aplicar. Eles (o Ministério da Saúde) consultaram a gente sobre isso, sobre o prazo. Estimativa de 10 a 14 dias, que estamos planejando, aí da tempo de aplicar “, afirmou Carlos Lula.
Na semana passada, a pasta anunciou a antecipação de 3 milhões de doses da Janssen. O país tem um total de 38 milhões de doses contratadas junto à farmacêutica, que é um braço da Jonhson & Johnson. A vacina já tem registro de uso emergencial na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e é aplicada com apenas uma dose. Dessa forma, a remessa adiantada ao Brasil seria suficiente para imunizar três milhões de pessoas.
Pesquisas sobre o imunizante de dose única apontam que a eficácia global (casos leves e moderados) é de 66%. Já a taxa de proteção contra casos graves é de 85%.
A tecnologia aplicada nessa vacina é a de vetor viral não replicante, aquela em que é adotado um adenovírus humano modificado para não se replicar mais. Tal adenovírus (nesse caso, o Ad26) é editado para carregar a proteína spike do coronavírus Sars-CoV-2. A partir do contato com a proteína spike nas células, o sistema imunológico do organismo começa a identificar e combater o agente infeccioso. Em relação ao armazenamento, a fórmula pode ser mantida em congeladores comuns, sob a temperatura de 2 °C e 8 °C.