
Com um atraso de sete dias, Michel Temer fez um pronunciamento na noite deste domingo, anunciando medidas para tentar apagar o incêndio provocado pela absurda e submissa política de seu governo, e do presidente da Petrobrás, Pedro Parente, de pendurar o preço dos combustíveis no dólar e no preço internacional do petróleo. Essa política provocou a explosão descontrolada dos preços.
Somente entre 22 de abril e 22 de maio último – ou seja, em 30 dias – o preço do óleo diesel nas refinarias aumentou +18% e, nas bombas de combustíveis, +38,4%. No mesmo período, o preço da gasolina aumentou +20% nas refinarias e +47% nas bombas (v. Dieese, Nota Técnica nº 194, 26/05/2018). A inflação, pelo IPCA, no mesmo período, foi de 0,066%.
A resposta dos caminhoneiros foi iniciar uma grave nacional exigindo a redução dos preços dos combustíveis.
O governo, diante da greve, tentou dividir o movimento, com a apresentação de uma proposta ridícula – contenção de preços por 15 dias –, assinando um acordo com pseudo-lideranças.
O resultado foi que a greve cresceu, com um amplo apoio de toda a sociedade. A intransigência do Planalto e sua insistência em manter a política de aumentos diários do diesel, provocou a maior crise de desabastecimento já vivida pelo país. O Exército e a Polícia Federal, acionados por Temer, não aceitaram ser jogados contra o povo brasileiro.
Agora, Temer apresenta como proposta a redução de 46 centavos no preço do litro do diesel e seu congelamento por 60 dias. A partir daí, os reajustes deixam de ser diários e passam a ser mensais. Além disso, anunciou uma Medida Provisória (MP), determinando que os fretes terão um piso, que será reajustado periodicamente. Outra MP definiu que 30% das cargas da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) serão destinados aos caminhoneiros autônomos.
Uma terceira MP isentará o pagamento de pedágios para eixos suspensos de caminhões sem carga. Essa última medida já tinha sido tomada pelo governador de São Paulo, Márcio França, no dia anterior. A proposta de congelamento do preço por 60 dias, também tinha sido apresentada pelo governador de São Paulo, após negociações com caminhoneiros do estado. Tanto França quanto os caminhoneiros paulistas queriam reajustes de 60 em 60 dias.
Carlos Alberto Litti, líder dos caminhoneiros, que não assinou o documento inicial e denunciou a manobra do governo, considera que o movimento deu mostras de unidade e força e conseguiu avanços nos últimos dias. O sindicalista afirmou que condiciona o apoio à proposta apresentada por Temer à publicação das medidas no Diário Oficial da União.
Ao ser obrigado a ceder, Michel Temer teve o cinismo de dizer na TV que sua política de preços abusivos, repudiada por todo o país, está recuperando a Petrobrás. Ao contrário, a Petrobrás está sendo destruída por sua política. Além de estar sendo esquartejada por seu governo para ser vendida aos pedaços e a preço de banana para multinacionais, Parente está estimulando a importação de diesel e gasolina dos EUA, enquanto as refinarias brasileiras estão com 25% de capacidade ociosa. Uma sabotagem aberta às refinarias brasileiras – 13 das quais (são 17 ao todo) fazem parte da Petrobrás, com 98,2% da capacidade de refino do país.
Além disso, com os preços internos variando diariamente acima dos preços dos EUA, a Petrobrás está prejudicando os caminhoneiros e a população brasileira e beneficiando apenas os acionistas estrangeiros da empresa e as multinacionais, que estão importando derivados de suas matrizes e ganhando com os preços abusivos praticados dentro do Brasil.