A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, concordou com o pedido da PF (Polícia Federal) de ouvir mais 6 testemunhas no inquérito que investiga Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Minas e Energia). Ela pediu uma prorrogação de mais 60 dias no inquérito. A decisão de conceder mais tempo e para a investigação e autorizar os novos depoimentos cabe ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal).
A PF pediu mais tempo e apontou a necessidade de novos depoimentos de: Fernando Migliaccio, ex-chefe do Setor de Operações Estruturadas, conhecido como o “departamento de propinas” da Odebrecht; Marcelo Odebrecht, ex-presidente da construtora; Ibanez Filter, empresário próximo a Padilha; Vinícius Claret, operador financeiro; Cláudio Barbosa, operador financeiro; Duda Mendonça, marqueteiro. Outra pendência apontada pela PF, foi a entrega dos aparelhos celulares utilizados na época em que os fatos foram investigados por Cláudio Melo Filho e José de Carvalho Filho.
Temer, Padilha e Moreira são investigados por terem recebido R$ 10 milhões em propina da Odebrecht para o partido na campanha de 2014. O inquérito originou-se de depoimentos de ex-executivos da empreiteira. Segundo as colaborações, o acordo foi firmado durante reunião no Palácio do Jaburu, em 2014, quando Temer era vice-presidente.
O ex-executivo Cláudio Melo Filho diz nos termos de confidencialidade que, em maio de 2014, quando Temer ocupava a Vice-Presidência da República, compareceu a um jantar no Palácio do Jaburu, com a participação do atual presidente, do dono da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e de Eliseu Padilha. Na reunião, afirma Melo Filho, Michel Temer solicitou “direta e pessoalmente” a Marcelo Odebrecht apoio financeiro para as campanhas do PMDB em 2014.
“No jantar, acredito que considerando a importância do PMDB e a condição de possuir o vice-presidente da República como presidente do referido partido político, Marcelo Odebrecht definiu que seria feito pagamento no valor de R$ 10 milhões. Claramente, o local escolhido para a reunião foi uma opção simbólica voltada a dar mais peso ao pedido de repasse financeiro que foi feito naquela ocasião”, diz o executivo.
Em outra investigação, o delegado da Polícia Federal, Cleyber Malta Lopes, mandou intimar Onofre Jesus Gimenes Secchi no inquérito que apura o pagamento de uma reforma feita na casa de Maristela Temer, filha do presidente Michel Temer, em 2014. Os investigadores querem saber a origem do dinheiro usado na reforma.
Em depoimento à PF no fim de maio, o arquiteto Luiz Eduardo Visani apontou Onofre como sendo o funcionário da Argeplan encarregado por Maria Rita Fratezi para “coordenar e administrar” funcionários que ele colocou à disposição para finalizar a segunda fase da obra da casa de Maristela Temer. Maria Rita é mulher de João Baptista Lima Filho, operador de Temer. Lima é dono da Argeplan, empresa de engenharia. Ele chegou a ser preso em março, na Operação Skala da Polícia Federal.