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A multinacional de energia elétrica com sede em Roma, a Enel, reportou nesta quinta-feira (21), um lucro líquido de 3,44 bilhões de euros em 2023, ante 1,68 bilhão de euros em 2022. O resultado, comemorado com entusiasmo pelo “mercado financeiro”, ocorre em meio aos apagões promovidos pela mesma Enel aqui no Brasil. Em especial no centro da cidade de São Paulo, que há mais de uma semana vive sobe a escuridão promovida pela empresa.
Já o lucro líquido em termos ajustados – ou “rendimento ordinário líquido” – aumentou quase 21% para 6,51 bilhões de euros.
O lucro astronômico é ostentado no mesmo momento que a múlti deixa São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará, estados onde a privada arrematou a distribuição de energia, sem energia sob os motivos mais estapafúrdios e assistência pífia aos consumidores lesados.
APAGÃO PAULISTANO
Há uma semana, a Enel mantém a interrupção do fornecimento de energia em diversos bairros do centro da capital paulista e não sabe se quer apresentar um prazo para a solução do problema.
A Enel afirma que a rede elétrica na região central da cidade foi recuperada apenas parcialmente desde a última segunda-feira (18) e que não há previsão para o restabelecimento pleno do fornecimento de luz. Geradores de energia mantém prédios em funcionamento enquanto as poucas equipes de terceirizados da Enel tentam achar a solução dos problemas.
De acordo com informações da empresa, cerca de 2% dos clientes na região da 25 de março ainda estão sem energia e 60% dos consumidores no bairro de Santa Cecília estão no escuro. Outras partes da região central que estão sem energia, como a Rua Paim, voltaram a ter luz por meio de geradores.
Nas redes sociais, moradores da República, Santa Cecília, Vila Buarque, Consolação, Higienópolis, Bela Vista e Centro Histórico reclamam de energia intermitente.
Esta não é a primeira vez que a Enel deixa São Paulo às escuras.
Em dezembro de 2023, milhões de consumidores do município ficaram por 168 horas sem energia depois que uma tempestade atingiu o município. A Justiça de São Paulo condenou a Enel a indenizar clientes que ficaram longos períodos sem energia durante o apagão de 2023. Em três casos diferentes, a empresa alegou que a interrupção foi provocada pelas chuvas, mas os juízes decidiram que cabe danos morais de R$ 5 mil pela demora em restabelecer o serviço.
Na primeira decisão, da juíza Patricia de Assis Ferreira Braguini, do Juizado Especial Cível e Criminal do Foro de Itapecerica da Serra, três pessoas da mesma família ficaram sete dias sem energia (entre 3 e 10 de novembro). A interrupção no serviço provocou prejuízos também no fornecimento de água, por paralisação da bomba que garante o suprimento, que é movida a energia. A juíza condenou a Enel a pagar R$ 10 mil por danos morais.
Na sentença, considerou que “a ocorrência de chuvas e vendavais são eventos previsíveis” e “evitáveis”, de maneira que a empresa deveria “ter apresentado solução mais rápida”. A juíza cita a resolução da Aneel que fixa em 24 horas o tempo para restabelecimento do serviço.
No segundo caso, uma mulher ficou mais de 120 horas (cinco dias) sem energia após o apagão de novembro. A juíza Leila Andrade Curto, do Juizado Especial Cível do Foro de Vargem Grande Paulista, condenou a Enel a indenizar em R$ 5 mil por danos morais.
Na terceira decisão, uma cliente também mulher ficou quase uma semana sem fornecimento de energia. A condenação do juiz Gustavo Sauaia Romero Fernandes, do Juizado Especial Cível e Criminal do Foro de Embu das Artes, determina o pagamento de R$ 5 mil de danos morais, mais R$ 350 por danos materiais pela Enel à cliente prejudicada. Ao decidir, o juiz considerou inédita a tempestade de novembro, nunca vista desde que vive na Grande São Paulo (“pouco mais de dez anos”), mas também julgou “inaceitável e não justificado” o tempo para o restabelecimento de energia. Segundo ele, é “pública e notória a lentidão da ré [Enel] para retomada após situações climáticas bem mais brandas”.
CEARÁ E RIO DE JANEIRO
Além de São Paulo, a Enel também é a empresa responsável pelo apagão no fornecimento de energia elétrica em 44 cidades do Ceará, em agosto do ano passado. Segundo a empresa, o motivo foi um raio.
Em novembro do ano passado, ano em que a múlti registrou o lucro bilionário, ela também foi responsável por um apagão em dezoito cidades do interior do Rio de Janeiro.
As cidades fluminenses atingidas foram Italva, Itaperuna, Bom Jesus do Itabapoana, Cambuci, São José de Ubá, Laje do Muriaé, Porciúncula, Aperibé, São Fidélis, Natividade, Varre-Sai, Santo Antônio de Pádua, Miracema, Itaocara, Cardoso Moreira, São Francisco do Itabapoana, São João da Barra e parte de Campos dos Goytacazes.
Segundo a Enel, às 16h17 do dia 13 de novembro de 2023, uma ocorrência externa à rede registrada no sistema de transmissão em Campos dos Goytacazes afetou o fornecimento de energia para municípios nas regiões norte e noroeste do estado do Rio. A empresa disse que a situação foi normalizada às 18h59 daquele mesmo dia.