Apontado como o pior ministro do Meio Ambiente da história e acusado de favorecer o desmatamento, a grilagem de terra e o garimpo ilegal realizado por criminosos em terras indígenas, o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) é cotado para assumir a relatoria da CPI que os bolsonaristas querem emplacar na Câmara para investigar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Segundo o jornal ‘O Globo’, caso seja instalada, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) poderá ser entregue pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ao PL. O ex-ministro bolsonarista seria então o mais cotado para assumir o cargo.
Ainda de acordo com o jornal, o deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), autor do requerimento para criação da CPI do MST, ficaria com a presidência da comissão. Salles havia protocolado um pedido de investigação, mas o retirou para apoiar Zucco.
Nesta semana, Arthur Lira afirmou que fará nesta semana a leitura do requerimento de criação da comissão, que atingiu o número mínimo de 172 assinaturas para ser instalada. A decisão foi anunciada em meio às ações do movimento em área da Embrapa em fazendas e em sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Embora não haja um consenso sobre o nome de Salles entre a bancada ruralista, a decisão final será de Lira. Ele prometeu autorizar a criação de mais duas CPIs nesta semana, uma para investigar as suspeitas de manipulação de resultados em partidas de futebol e outra para analisar as inconsistências bilionárias das Lojas Americanas.
GESTÃO CATASTRÓFICA
O ex-ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro, Ricardo Salles, que realizou uma gestão catastrófica no Ministério, é investigado por diversos crimes. Em Fevereiro deste ano, Salles disse que a “responsabilidade” sobre a catástrofe humanitária que atinge os yanomamis em Roraima é “de toda a sociedade brasileira” e não dele ou de qualquer outro membro do antigo governo.
Salles chefiou o Ministério do Meio Ambiente entre janeiro de 2019 e maio de 2021. O Ministério Público Federal (MPF) afirmou, em nota, que o governo Bolsonaro foi alertado em diversos ofícios e documentos sobre a situação dos indígenas e que novas ações deveriam ser tomadas.
Em entrevista ao UOL na época, Ricardo Salles disse que “o problema dos yanomamis é muito antigo” e que ele fez “tudo o que estava ao meu alcance, nossos órgãos atuaram sempre que foram solicitados”.
Na opinião do ex-ministro bolsonarista, diretamente envolvido no caso, “a responsabilidade sobre aquela situação é conjunta de toda sociedade brasileira”.
Enquanto esteve à frente do Ministério do Meio Ambiente, Ricardo Salles fez reuniões com garimpeiros ilegais, inclusive com uso ilegal de aviões da Força Aérea, e deu declarações à favor da atividade.
Salles teve que deixar o Ministério depois de ser flagrado ajudando criminosos na exportação de madeira vinda de desmatamento ilegal.
O garimpo ilegal é, junto com o total das abandonadas comunidades indígenas pelo governo Bolsonaro, a principal causa da explosão de casos de malária e de subnutrição.
A atividade criminosa tinha total apoio de Jair Bolsonaro, que já falou diversas vezes que queria legalizá-la e liberá-la dentro de terras indígenas. Em outubro de 2021, Bolsonaro visitou um garimpo ilegal dentro da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Foram registradas dezenas de reuniões entre garimpeiros ilegais e membros do governo Bolsonaro, como o próprio Ricardo Salles.