Derek Chauvin, o ex-policial de Minneapolis condenado pelo assassinato de George Floyd, foi esfaqueado por outro detento na prisão federal de Tucson, Arizona, na última sexta-feira (24).
No dia 25 de maio de 2020, o policial branco asfixiou com requintes de crueldade o negro Floyd, detido por suspeita de fazer compras com uma nota falsa de 20 dólares em um supermercado. Chauvin se ajoelhou sobre o pescoço da vítima por nove minutos e meio, enquanto Floyd suplicava repetidamente, desarmado e algemado: “não consigo respirar”.
A repercussão do caso, gravado por um celular, foi impactante, gerando gigantescos protestos por todos os Estados Unidos, que resultaram em centenas de prisões. Apesar da violenta repressão, multidões foram às ruas para afirmar “sem justiça, sem paz” e clamar que “vidas negras importam”. A expressão da brutalidade racista recordou à época o que ocorrera em 2014 com o vendedor ambulante Eric Garner, morto em condições similares em Nova Iorque.
DIREÇÃO DA PRISÃO “ESPERA QUE CHAUVIN SOBREVIVA”
“Os funcionários contiveram o incidente e realizaram medidas que salvaram vidas antes que o recluso fosse levado a um hospital para tratamento e avaliação adicionais”, informou a direção da penitenciária. Apesar da gravidade da situação, apontou, “se espera que Chauvin sobreviva” para cumprir a integralidade da pena. As duas sentenças serão cumpridas simultaneamente: uma de 21 anos, por violação dos direitos civis de Floyd, e outra de 22,5 anos, por assassinato em segundo grau. Havia a expectativa de que o veredito fosse ampliado pela atrocidade ter sido cometida na frente de uma criança (o espectador mais jovem que testemunhou a prisão fatal de Floyd tinha 9 anos) e usar a autoridade policial para cometer um crime.
O ataque a Chauvin é o segundo de grande repercussão a um prisioneiro federal nos últimos cinco meses. Em julho, o médico esportivo Larry Nassar foi esfaqueado por um colega preso em uma penitenciária na Flórida.
É também o segundo grande incidente na prisão federal de Tucson em menos de um ano. Em novembro de 2022, um presidiário do campo de prisioneiros de baixa segurança da instalação sacou uma arma e tentou atirar na cabeça de um visitante. Felizmente, a arma falhou ao disparar e ninguém ficou ferido.
Uma reportagem do New York Times de abril do ano passado citou uma investigação divulgada pelo Departamento de Direitos Humanos dos EUA no Estado de Minnesota mostrando que o Departamento de Polícia local se envolveu rotineiramente em várias formas de policiamento racialmente discriminatório, não puniu policiais por má conduta e usou contas falsas de mídia social para atingir pessoas e organizações negras.