A escassez de vacinas contra o coronavírus causada pela sabotagem do governo federal ao Plano Nacional de Imunização causará a interrupção da vacinação na cidade do Rio de Janeiro.
Nesta segunda-feira (15), o prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM), anunciou a interrupção da campanha de vacinação contra a Covid-19 a partir da próxima quarta-feira (17) por falta de doses do imunizante.
Segundo Paes, a imunização na população idosa deve ser retomada na próxima semana, quando o próximo lote da CoronaVac, que passa pelo processo de envase no Instituto Butantan, será liberado.
“Recebi a notícia de que não chegaram novas doses. Teremos que interromper a nossa campanha. Hoje (15) vacinamos pessoas de 84 anos e amanhã (16) de 83. Estamos prontos e já vacinamos 244.852. Só precisamos que a vacina chegue. Nova leva deve chegar do Butantan na próxima semana”, afirmou Eduardo Paes por meio de uma postagem em suas redes sociais.
Segundo o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, o calendário retorna na próxima segunda-feira, 22 de fevereiro. Ele afirma que a Prefeitura havia antecipado o cronograma de vacinação, mas não foram entregues novas doses de vacina para dar continuidade. A previsão era que todos os idosos com idade até 75 anos fossem vacinados até o fim deste mês.
A falta de imunizantes já pode ser detectada em outros municípios que aguardam a entrega de novas doses de vacina pelo governo federal. Este, no entanto, não se preocupa em providenciar novos imunizantes para a população brasileira. Mantendo assim, uma dependência exclusiva do Instituto Butantan, que sozinho, não possui condições de garantir a imunização total no tempo necessário.
Atualmente, 90% das vacinas que estão sendo aplicadas na população são do Butantan.
Enquanto isso, o governo federal e a Anvisa ignoram a urgência da vacinação e se negam a adquirir as 10 milhões de doses da vacina russa Sputnik V que foram oferecidas ao Ministério da Saúde por meio do laboratório nacional União Química.
LENTIDÃO
O Fórum Nacional de Governadores cobra um cronograma de entrega de vacinas e para discutir alternativas para agilizar a imunização, entre elas o uso da russa Sputnik V. Segundo o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), coordenador da temática de vacina no Fórum Nacional de Governadores, a reunião com o Ministério da Saúde foi marcada para quarta-feira (17).
“Nos aproximamos de 30 dias do início da vacinação com perspectiva de alcançar apenas 3% da população brasileira vacinada”, criticou o governador do Piauí. “Neste ritmo, o plano do governo de vacinar até junho 50% da população não vai se concretizar. Seguindo nesta lentidão, o Brasil deve chegar a cerca de 20% da população vacinada.”
Dias criticou ainda a edição, por Bolsonaro, de decretos que ampliam o uso de armas. “Neste decreto, trata de armas, armas que matam. E vacina, arma para salvar vidas, após apoio científico, debate na Câmara e no Senado, demora para sancionar, [Bolsonaro] anuncia que deve vetar mecanismo de validação do uso no Brasil de vacinas já aprovadas e em uso em outros países do mundo, salvando vidas”, criticou.
Na reunião, os gestores também pretendem tratar do pagamento das UTIs em atividade desde janeiro, com a ampliação das vagas para atender ao aumento da demanda prevista. “Até dezembro, tínhamos 12.000 leitos de UTI exclusivos para Covid-19. A doença se propagou e chegamos a cerca de 15.000 leitos necessários”, afirma Dias.
“Foram encerrados 6.000 credenciados e agora em fevereiro vencem mais 3.000. Ou seja, de 15.000, vamos ficar com 3.000 leitos de UTI credenciados?”, contestou.
Os governadores querem ainda uma resposta para a alta de preços de medicamentos e para a falta de remédios nos fornecedores contratados pelos estados.