“As instituições que compõem as Forças Armadas têm a cultura de cumprir a Constituição, e não existe possibilidade de preferência institucional por qualquer candidato”, diz general Santos Cruz
Os generais Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-secretário-geral da Presidência, e Paulo Chagas afirmaram que os militares vêm as Forças Aramadas como órgãos de Estado e não querem atrelar-se ao governo Bolsonaro.
Segundo eles, as Forças Armadas obedecem à Constituição e não há alinhamento automático com Bolsonaro.
“As instituições que compõem as Forças Armadas têm a cultura de cumprir a Constituição, e não existe possibilidade de preferência institucional por qualquer candidato. Individualmente, cada um vota em quem quiser. Não existe essa “continuação” com Bolsonaro nem aproximação com o outro candidato, o ex-presidente Lula. Isso é exclusivamente individual”, afirmou Santos Cruz.
Na semana passada, o comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), Carlos de Almeida Baptista Junior, declarou que “a FAB não tomará partido” de qualquer candidato a presidente da República. “Bateremos continência para qualquer comandante supremo das Forças Armadas, sempre”, assegurou. Ver Prestaremos continência a qualquer que for eleito, afirma o Comandante da FAB
A declaração desagradou Bolsonaro, que quer se esconder atrás das Forças Armadas pela alta rejeição popular ao seu governo e pela sua péssima gestão, seja na pandemia, seja na economia com desemprego, aumento do custo de vida, da fome e da miséria.
O general Paulo Chagas declarou que o comandante da Aeronáutica “soube, com precisão, deixar claro que as instituições são órgãos de Estado, e não de governo, o que significa dizer que, seja quem for o presidente eleito, terá a lealdade constitucional das Forças”. “Os militares como cidadãos, em sua maioria, votaram em Bolsonaro em 2018, mas nunca estiveram ‘fechados’ com ele, como não estiveram ‘fechados’ com nenhum outro presidente”, destacou.
Chagas observa que um “número significativo” de militares ficaram decepcionados com Bolsonaro e que eles não confiarão o voto ao presidente no primeiro turno.
“Essa atitude é de foro íntimo de cada um e não pode ser interpretada como coletiva. Hoje, baseado na minha percepção pessoal e na de outros militares com quem mantenho contato, vejo que há um número significativo de militares que não votará mais em Bolsonaro no 1º turno. Mas, ao mesmo tempo, desconheço quem pense em votar em Lula da Silva tanto no 1º como no 2º turno”, disse.