A manutenção dos juros elevadíssimos pelo Banco Central, que através do Comitê de Política Monetária (Copom), reduziu apenas 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), na quarta-feira (13), foi repudiada pelas centrais sindicais.
Na avaliação do presidente da Força Sindical, Miguel Torres, a redução de 12,25% para 11,75% ao ano, mantendo a taxa entre as mais altas do mundo, é um entrave à produção, ao emprego e ao desenvolvimento do país.
“A queda é muito branda. Conclamamos o Banco Central a continuar o processo de redução nas próximas reuniões, em 2024”, disse Torres.
“Juros altos beneficiam apenas o capital especulativo e atraem somente dinheiro volátil, sem compromisso. Juros altos aumentam a dívida pública. Juros altos seguem na contramão da produção, do crédito e do consumo”, afirma a nota divulgada pela Força.
De acordo com a central, a queda de 0,5% é “extremamente tímida”. “Entendemos que o Banco Central perdeu uma ótima oportunidade de aproveitar-se do encolhimento da demanda mundial para fazer uma drástica redução na taxa de juros, que poderia funcionar como um estímulo para a criação de novos empregos e para o aumento da produção no país”.
Segundo Miguel Torres, “manter os juros neste patamar é uma insensibilidade social, pois o crédito continuará caro, atrasando a recuperação econômica”. “Menos juros, mais desenvolvimento!”, finaliza a nota.
A CUT também se manifestou, afirmando que a queda baixíssima “mantém o país com uma das maiores taxas de juros reais do mundo” e não alcança o patamar que “incentive emprego e renda”.
“É um absurdo o Banco Central manter a Selic neste patamar. Não há cenários de risco de inflação no país que justifiquem manter a taxa básica de juros no patamar atual. Já deveríamos estar com a Selic abaixo dos 10%, no final deste ano”, afirmou a presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Juvandia Moreira.
Juvandia disse que “mesmo com as reduções desde agosto, o Brasil continua apresentando a maior taxa de juros reais do mundo, por conta desse processo lento de redução que, nada mais é que mais um boicote à economia e à qualidade de vida de todos nós”.
Segundo ela, “o fato é que o Banco Central fez com que o Brasil se tornasse o país com a maior taxa de juros reais (resultado da Selic menos a inflação), o que prejudica extremamente o desempenho da economia, consequentemente dificultando a criação de empregos, além de aumentar o endividamento das famílias e do Estado”.
Na avaliação do economista da subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na Contraf-CUT, Gustavo Cavarzan, “para que o Brasil atinja uma posição mais confortável, ou seja, tenha uma taxa de juro real menor, seria necessário um corte bem mais efetivo e duradouro na Selic”. De acordo com Carvazan, o Copom tem condições de acelerar o corte da taxa básica de juros, para além do 0,50 p.p, sem prejuízo à política monetária.