A Justiça de São Paulo manteve, nesta terça-feira (12), o rodízio ampliado de veículos, instituído na capital paulista desde a segunda-feira (11).
A medida, determinada pelo prefeito Bruno Covas, é mais um esforço, tanto da administração municipal quanto estadual, de diminuir o índice de circulação da população e conter a propagação do coronavírus em São Paulo.
Em sua decisão, a juíza Celina Kiyomi Toyoshima afirmou não ver motivos para suspender o rodízio. Segundo ela, “não cabe ao Poder Judiciário se imiscuir nas diversas medidas que estão sendo adotadas pelo poder público para contenção do alastramento da pandemia mundial do novo coronavírus (Covid-19), que têm sido baseadas nas orientações proferidas pelos órgãos sanitários, Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde”.
A negativa, em caráter liminar, julgou uma Ação Popular do vereador Fernando Holiday (Patriota), que solicitou a suspensão do decreto alegando que havia ilegalidade e desvio de finalidade.
O rodízio que determina que apenas metade da frota de carros pode circular na capital a cada dia, dependendo do número da placa – se par ou ímpar -, conseguiu aumentar a taxa de isolamento na segunda-feira em quase 10% em relação ao índice de sexta-feira (de 46% na sexta para 49,3 na segunda).
Segundo o prefeito Bruno Covas, no primeiro dia, a restrição provocou a diminuição de 1,5 milhões de veículos. “O que significa 1,9 milhões de pessoas deixando de circular de carro”, defendeu o prefeito.
Nos outros dias, o índice variou registrando também e aumento da circulação de pessoas nos transportes públicos, levantando a possibilidade de se aumentar o número de ônibus para evitar aglomerações para aqueles que precisam sair para os serviços essenciais.
O objetivo do prefeito é que o índice de isolamento chegue de 55% a 60%, o que não tem sido fácil diante da resistência de grande parte da população em perceber a gravidade do momento. Até a terça-feira (12), a taxa geral de ocupação nas UTIs de hospitais municipais estava em 82%.
Segundo o prefeito, a postura do presidente Jair Bolsonaro também “não colabora com o isolamento”.
“Ele tem inúmeros pronunciamentos mantendo a linha de que o vírus é uma bobagem, uma gripezinha, que não tem problema as pessoas saírem de casa. Eu acho que, se ele mostrasse para as pessoas o quanto é importante ficar dentro de casa, já colaborava muito com a prefeitura e com o governo do estado, já que aqui é o epicentro da crise”, disse.
Assim como o vereador do Patriotas, centrais sindicais também se manifestaram contra o rodízio, e lançaram uma nota destinada ao prefeito Bruno Covas.
Segundo a nota dos sindicalistas, “a restrição ao uso de veículos irá sobrecarregar o transporte público, especialmente metrô, ônibus e trens, prejudicando motoristas e cobradores, além dos trabalhadores em serviços essenciais que precisam se deslocar ao trabalho”.
“Defendemos que o planejamento do tráfego nas cidades ou de qualquer outra medida que envolva saúde dos trabalhadores e da população deva ser feito com a participação dos representantes da classe trabalhadora, do setor patronal e de especialistas, para definir estratégias adequadas à situação”, diz o documento.