O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, afirmou que não sua gestão não permitirá que criminosos construam mais imóveis no município. Paes fez a promessa enquanto acompanhava os trabalhos de resgate de vítimas do desabamento de um prédio de quatro andares na zona oeste da cidade.
“Comigo, milícia não vai construir mais porcaria nenhuma nessa cidade. Estamos demolindo permanentemente, e a gente tem o desafio de cuidar do passivo”, disse o prefeito.
O desabamento ocorreu durante a madrugada na comunidade de Rio das Pedras, área controlada pela milícia, e deixou um pai e uma criança mortos – Nathan Gomes de Oliveira, de 30 anos, e sua filha Maitê, de apenas 2 anos -, além de quatro feridos. Segundo a Secretaria Municipal de Habitação, a construção que desabou era irregular.
Paes disse também que a atuação de grupos de criminosos não irá impedir mais as ações de fiscalização da prefeitura.
“A gente está deixando uma mensagem muito clara nos últimos meses de que acabou essa história de tanta construção irregular. A gente não tem permitido. Diariamente, a imprensa tem mostrado isso. Agora, é uma realidade da cidade. Não vamos retirar todas as casas de todas as favelas ou comunidades do Rio. O que tem de se fazer é olhar para essas áreas com mais riscos para produzir melhorias habitacionais”, comentou.
Paes ainda disse que a prefeitura prestará auxílio às vítimas do desabamento de Rio das Pedras. “A Secretaria Municipal de Habitação informa que a construção que desabou no Rio das Pedras, na madrugada desta quinta, era irregular. A equipe da SMH está no local para prestar o atendimento necessário às famílias”, informa nota divulgada pela Prefeitura do Rio.
Nesta sexta-feira (6), Paes voltou a comentar sobre a atuação da prefeitura em relação à ocupação irregular na cidade, assunto que veio à tona após mais uma construção desmoronar naquela área, historicamente conhecida pelo solo instável e impróprio para receber moradias. O prefeito afirmou que busca fortalecer e restabelecer os mecanismos de enfrentamento a esta expansão ilegal e revelou que o edifício que veio abaixo nesta quinta-feira havia subido de dois a três andares no intervalo dos últimos dois anos.
“O que nós precisamos em áreas como essa é legislação, clareza, regra. Nós não tivemos nos últimos quatro anos nenhuma área especial de interesse social com legislação urbanística. Temos um levantamento que mostra que dois ou três andares subiram ali (no prédio que desmoronou) nos últimos 2 anos, o que mostra esse crescimento exagerado dos últimos anos, e é o que precisamos conter. Ali, parece, não tem nada a ver com milícia, mas tem a ver com a ausência do Estado para fiscalização. O que eu posso dizer é: não ampliem suas construções, porque a prefeitura vai agir e demolir”, comentou Paes.
Empreendimentos imobiliários
O caso aconteceu na mesma região da tragédia de Muzema, que deixou 27 mortos e sete feridos após dois edifícios ruírem no condomínio irregular construído e comercializado pela milícia ‘Figueiras de Itanhangá’, em abril de 2019. O segmento imobiliário, que consiste na grilagem de terras, construção e venda de imóveis à população carente é tido como um dos principais ramos financeiros da milícia em Rio das Pedras e na comunidade de Muzema.
Rio das Pedras também é a área onde atua o “Escritório do Crime”, que já foi Adriano Magalhães Nóbrega, o ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope), que foi morto por policiais na Bahia durante confronto.
Adriano da Nóbrega possuía relações com Flávio Bolsonaro, de quem já recebeu homenagens na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Flávio também empregou em seu gabinete a mãe e a mulher de Adriano por mais de uma década. Foi também em Rio das Pedras que Fabrício Queiroz, ex-policial, ex-assessor de Flávio e amigo pessoal de Jair Bolsonaro se escondeu quando o caso das rachadinhas no gabinete da Alerj vieram à tona.